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Cheio de dedos

Casas enfrentam resistência de paulistanos que não topam comer com as mãos, como nos países dos chefs; colunista sugere campanha 'mãos no prato'

DANIELLE NAGASE DE SÃO PAULO

Quando a senha do pedido pisca no painel da Taquería La Sabrosa, em São Paulo, o taco é entregue ao cliente num pratinho de papelão. Não tem talheres --é para comer com as mãos mesmo, sem guardanapo. Se o cliente pergunta: "E o restinho do recheio que caiu no prato?", o atendente responde sem delongas: "Use os dedos".

Mas nem todo mundo aceita deixar o garfo e a faca de escanteio. Há algumas semanas, o restaurateur Hugo Delgado, à frente do lugar, protagonizou uma discussão inflamada com um cliente que se recusava a comer com as mãos. Mexicano, Hugo argumentou que, em seu país, tacos se comem assim. Não houve jeito, o cliente deixou o local indignado --"Onde já se viu colocar a mão na comida?".

Outros chefs estrangeiros também percebem essa "mania paulistana" de usar talheres em todas as refeições. A argentina Paola Carosella, do La Guapa, no Itaim Bibi, diz que acha engraçado clientes comendo empanadas com garfo e faca. "Eles cortam o salgado e o recheio, que é suculento, se perde pelo prato."

De acordo com Benny Goldenberg, sócio de Paola, 30% da clientela do La Guapa recorrem aos talheres disponíveis no balcão para comer as empanadas. Dia desses, quando uma cliente lhe pediu os utensílios, ele sugeriu: "Comer com as mãos deixa a empanada 15 vezes mais gostosa". A frase foi parar na parede do local --ficou a dica.

Apesar da resistência paulistana, e de parecer um hábito ultrapassado, outros países conservam o costume de comer com as mãos, como Índia e Tailândia.

No Japão, é comum ver comensais pegando sushis com as mãos. Isso faz com que o delicado bolinho de arroz não desmanche no caminho até a boca --principalmente os niguiris, que não têm o nori, aquela alga em volta, para segurar o arroz. Aqui no Brasil, porém, a maioria das pessoas faz uso do hashi, os palitinhos orientais, para pinçar qualquer porção.

"Quando o cliente come com o hashi, o sushiman tem de compactar bastante o arroz, para ele ficar firme", explica o chef japonês Shin Koike, dos restaurantes Aizomê e Sakagura A1. "Daí, o sushi não desmancha na boca como deveria", complementa.


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