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Bombeiros contribuíram para 5 mortes na Kiss, diz polícia

Militares teriam permitido que sobreviventes voltassem à boate em chamas

Clientes que já tinham se salvado morreram após tentativas improvisadas de resgatar outros colegas

FELIPE BÄCHTOLD DE PORTO ALEGRE

O inquérito da Polícia Civil sobre o incêndio da boate Kiss, em Santa Maria (RS), aponta "indícios" de responsabilidade de bombeiros que participaram do resgate da tragédia por cinco homicídios culposos (sem intenção).

Para os delegados, sete profissionais da guarnição que começou a combater as chamas possivelmente têm culpa por cinco mortes de frequentadores da casa noturna.

Esses clientes haviam se salvado, mas acabaram morrendo ao voltar para resgatar amigos. Ao todo, 241 pessoas morreram no incêndio, que completou dois meses ontem.

A polícia embasa as afirmações em relatos de que os bombeiros estimularam civis a se arriscar na boate em chamas.

Um dos sobreviventes disse que um bombeiro orientou uma pessoa a entrar no local "por baixo da fumaça". Outro disse que a volta era "fomentada" aos gritos de "vai, vai".

Segundo o relatório, sete testemunhas disseram que quem entrava na boate para resgatar vítimas eram os frequentadores que já tinham se salvado. Outras seis, porém, disseram que viram bombeiros dentro da casa noturna.

Nos depoimentos, vítimas descrevem civis manuseando mangueiras, bombeiros molhando camisetas de sobreviventes para que colocassem sobre o rosto ao voltar à boate e empréstimo de lanternas.

Um bombeiro disse que alunos da corporação chamados para a ocorrência tinham a orientação de não atuar em incêndios antes do fim do curso.

A polícia concluiu que os "colaboradores" não podiam ter sido expostos a tal "situação de elevadíssimo risco".

"Em que pese tenha proporcionado o salvamento de inúmeras vítimas, [a ajuda] redundou na morte de ao menos cinco pessoas", diz o relatório.

Nove bombeiros foram responsabilizados, incluindo o agora ex-comandante regional de Santa Maria, Moisés Fuchs, que na sexta foi afastado da função pelo governo.

No Rio Grande do Sul, cabe ao Tribunal de Justiça Militar julgar casos envolvendo integrantes da corporação. O relatório será encaminhado à corte para análise.


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