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Indígenas invadem hotel de luxo no sul da Bahia
Grupo de 70 tupinambás pede demarcação de áreas no município de Una
Proprietária afirma que invasores bebem champanhe na piscina e ameaçam tomar outras propriedades
Um hotel de luxo, com seis quilômetros de praia privativa e diárias a partir de R$ 1.000, foi invadido no domingo à tarde por cerca de 70 índios tupinambás na Bahia.
O grupo reivindica ao governo federal a demarcação de áreas próximas ao hotel, instalado em uma antiga fazenda de coco e dendê no município de Una (a 570 km de Salvador), no sul do Estado.
"Eles estão à beira da piscina, bebendo champanhe. E ameaçam invadir outras casas da propriedade", disse à Folha a artista plástica Mucki Skowronski, uma das donas do hotel.
Ela estava no Rio quando houve a invasão, mas ouviu o relato de amigos na região. Não havia hóspedes no local.
Aberto em 2005 por Mucki e seu marido, o empresário Arthur Bahia, o hotel Fazenda da Lagoa tem entre seus sócios-fundadores o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga. São 14 bangalôs de 120 a 140 metros quadrados.
Pelo menos 25 indígenas chegaram ao hotel de barco pelo rio Aliança. Segundo a Polícia Militar, estavam armados com flechas.
Pouco depois, outro grupo chegou de carro pela praia.
A Folha falou por telefone com uma pessoa que se identificou como Ivo e disse haver ao menos 30 manifestantes.
"Havia só um vigia, mas ele foi embora assim que chegamos", disse. Segundo ele, o cacique Valdenilson Oliveira deve chegar ao hotel hoje.
O litoral sul baiano é alvo de disputas entre índios e donos de terra. Na área da antiga fazenda há ainda um loteamento com 16 terrenos.
Quatro casas já foram construídas. Uma delas é da socialite Charlene Shorto, ex-relações-públicas do estilista italiano Valentino.
O coordenador regional da Funai, Edinaldimar Barbosa, esteve ontem no hotel, mas só falará após receber um relato completo da situação.
