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Petrobras leva multa de R$ 10 milhões por vazamento no litoral
De acordo com a Cetesb e as prefeituras, 14 praias em São Sebastião e em Caraguatatuba foram atingidas
Vazamento em um terminal da estatal teria ocorrido em razão de falha humana; empresa diz que apura a causa
A Petrobras foi multada ontem em R$ 10 milhões pela Cetesb (companhia ambiental de São Paulo) por causa do vazamento de combustível que atingiu praias do litoral norte nos últimos dias.
O vazamento, que ocorreu na última sexta, já atingiu 14 praias da região, dez em São Sebastião e quatro em Caraguatatuba, segundo prefeituras e Cetesb. A Petrobras fala em nove praias atingidas.
A Prefeitura de São Sebastião também aplicou ontem multa de R$ 50 mil por dez infrações, valor que ainda pode aumentar, e o Ibama (órgão federal do meio ambiente) estuda punir a estatal.
O vazamento ocorreu em um terminal de uso privativo da empresa, no porto de São Sebastião. Uma válvula deixada aberta durante o abastecimento de um navio pode ter sido a causa do incidente.
A informação é do secretário de Meio Ambiente de São Sebastião, Eduardo Hipólito do Rego, que tem vistoriado as áreas atingidas. Segundo ele, a empresa disse durante a fiscalização que o vazamento ocorreu por falha humana.
Questionada, a Petrobras não se manifestou sobre o assunto. Disse apenas que as causas estão sendo apuradas.
O volume e a extensão do vazamento não foram estimados até agora. "Mas não há dúvidas de que foram grandes proporções para que chegasse até em outra cidade", afirmou Hipólito do Rego, referindo-se a Caraguatatuba.
As praias atingidas pelo óleo estão impróprias para o banho de mar, mesmo aquelas que já passaram por ações de limpeza, diz a Cetesb.
A companhia monitora as praias de Cigarras, Arrastão, Pontal da Cruz e Deserta, em São Sebastião; e Mococa, Cocanha, Massaguaçu e Capricórnio, em Caraguatatuba.
PREJUÍZO
Pescadores locais foram orientados a suspender as atividades nas praias da região. Alguns ainda apontaram prejuízos com perda de redes e barcos danificados. É o caso de João da Silva, 54, desde sábado sem trabalhar.
"Meu barco ficou cheio de 'piche', e tive que jogar a rede fora pelo estado que ficou. Para nós, foi um grande prejuízo. A gente nem sabe quando a situação vai se estabilizar para podermos trabalhar normalmente", afirma.
Jaime Moreira da Silva Filho, 30, sócio de uma fazenda de mexilhão na praia das Cigarras, diz ter perdido toda a sua produção. Ele relata que o óleo denso atingiu 12 toneladas de mexilhão e ainda o seu material de trabalho. "Levamos sete anos para chegar a esse peso e agora não ficou nada. Nem sabemos quando poderemos voltar a cultivar."