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'Não havia outra possibilidade', diz PM sobre ação no Carandiru

Policiais militares alegam legítima defesa nos tiros que mataram 111 presos na invasão de 1992

Pontos de depoimentos foram contraditórios em relação ao que foi dito no inquérito; 4 dos 26 réus falaram ao júri

DE SÃO PAULO

Os policiais militares acusados de participação no massacre do Carandiru disseram ontem ao júri que as mortes foram consequência de uma ação em legítima defesa e que o uso de armas letais era a única possibilidade. Todos alegaram inocência.

"O PM só atira em defesa de si ou de outrem", disse o major da reserva, à época tenente, Aércio Dornellas Santos, um dos 26 PMs julgados pela morte de 15 presos no primeiro andar do pavilhão 9 da Casa de Detenção.

Na ação, ocorrida em 2 de outubro de 1992, 111 presos foram mortos no pavilhão 9.

Todos os policiais que depuseram admitiram ter atirado, mas disseram não saber se os disparos atingiram alguém. Defenderam também a versão de que os disparos foram efetuados nos corredores, em resposta a tiros, e não no interior das celas --os réus repetiram a versão de que estava muito escuro dentro do corredor do pavilhão.

A perícia apontou, entretanto, que cerca de 90% dos disparos foram dados da porta para o interior das celas e que não foram encontrados sinais de revide.

Só 4 dos 26 PMs falaram aos jurados, todos da Rota (tropa de elite da corporação). Outros 20 disseram que foram orientados pela advogada Ieda de Souza a ficar em silêncio. Dois policiais réus não compareceram.

Os quatro policiais contaram, numa tentativa de sensibilizar o júri, uma parte de suas vidas, além de seus currículos. Um deles chegou a chorar ao falar do filho.

CONTRADIÇÕES

Um dos comandantes da ação da Rota no pavilhão 9, o tenente-coronel da reserva Ronaldo Ribeiro dos Santos, capitão na época, entrou em contradição ao afirmar para o júri que, após o confronto com presos no corredor, percebeu que "uns três presos" tinham sido baleados e estavam caídos. No inquérito, ele teria dito de oito a dez presos.

O então capitão da Rota admitiu a divergência e disse que valia a versão atual.

A Promotoria tentou explorar esse e outros pontos de contradição dos depoimentos, principalmente em relação ao que os réus falaram durante a investigação.

Os réus foram ouvidos separadamente e, assim, não sabiam as questões apresentadas pelos promotores.

O então sargento Marcos Antônio de Medeiros também contradisse depoimento anterior ao afirmar que viu armas brancas com os detentos --no inquérito, havia dito o contrário. Ajudado pela advogada, atribuiu a contradição a um "erro de redação".

O último policial a depor foi o capitão Marcos Ricardo Polionato, soldado na época, que disse ter sido baleado no braço durante confronto com os presos. O júri deve terminar entre hoje e amanhã.


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