Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Cotidiano

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Análise - Lei Cidade Limpa

Não vai demorar para inventarem os edifícios em forma de logomarca

Difícil imaginar como censurar aquilo que está na parte de dentro dos prédios comerciais

FERNANDO SERAPIÃO ESPECIAL PARA A FOLHA

O vidro revolucionou o comércio universal com vitrines parisienses das galerias do século 19.

A transparência do material também foi um dos temas mais presentes no desenvolvimento da arquitetura moderna: após milênios protegidos por espessas paredes, parte da humanidade ganhou contato visual direto com o exterior em parte graças a tecnologia do vidro.

Agora, na São Paulo pós-Lei Cidade Limpa, o vidro novamente é a vedete. Contudo, no lugar de estimular o comércio ou de inspirar a vanguarda arquitetônica, o material está na ribalta por ajudar a burlar a legislação que protegeu a cidade da publicidade excessiva.

A transparência é usada em uma brecha da lei que não regula logotipos instalados um metro para dentro do edifício. A ideia corrobora com a anedota da desobediência civil generalizada às leis que parece incorporada ao imaginário nacional.

Hipoteticamente, lojas e serviços que adotam esta estratégia devem sentir-se beneficiados por trocar o custo de indisponibilizar metros quadrados construídos em áreas nobres da cidade em troca de publicidade.

Contudo, o resultado prático disto que poderíamos chamar de "publicidade interna" não é o mesmo das antigas publicidades externas: os logotipos são camuflados por reflexos e sombras. A ironia é que o vilão é justamente o personagem que permite burlar a lei --o vidro.

Para impedir excessos, qual deveria ser a resposta do legislador? Difícil imaginar como censurar aquilo que está dentro dos edifícios: se aumentarem a medida para mais de um metro, os criativos farão letras maiores e mais recuadas; se proibirem marcas no interior do edifício visíveis da rua, não demorará para inventarem os edifícios em forma de logomarca.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página