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Depoimento
Manifestação seguia mais rápido do que eu
NAIEF HADDAD EDITOR DE "TURISMO" E "COM'IDA"Não sentia raiva de um professor desde a oitava série, quando um deles, que ensinava teologia, me deixou em recuperação.
Ontem praguejei não contra um, mas contra os milhares que tomaram a Paulista e a Consolação.
Às 15h30, em uma tarde de sol ameno, deixei o Itaim Bibi, zona oeste, em direção ao centro, trajeto que costumo fazer em 20, 25 minutos.
Ciente de que haveria a manifestação na Paulista, evitei o caminho habitual, pela rua Bela Cintra, que corta a famosa avenida.
Resolvi subir a Rebouças para, em seguida, descer a Consolação. Inútil.
Demorei uma hora e 20 minutos apenas para percorrer as 12 quadras que separam a avenida Brasil da Paulista.
Ao fim da Rebouças, notei que o protesto seguia mais rápido do que eu: os professores já ocupavam a Consolação. A rua estava fechada.
No primeiro de quatro desvios, caí, vejam só, na Bela Cintra, aquela antes desprezada.
Até então, com o tablet no colo, já tinha respondido a 34 e-mails.
Sim, é perigoso e irregular, mas não encontrei outra saída para enganar a irritação diante de um engarrafamento colossal.
Com o tablet sem bateria, liguei o rádio, que falava em lentidão na 23 de Maio, Bandeirantes, entre tantas outras avenidas paulistanas.
Outro desvio e outro. A rua Augusta (surpresa!) fluía bem.
Exatamente duas horas e 25 minutos depois, alcancei o meu destino. E, comigo, chegou a noite.