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Análise - O sambista

Tinha o sexto sentido para a naturalidade de frases melódicas

ZUZA HOMEM DE MELLO ESPECIAL PARA A FOLHA

Por muito anos parecia impossível surgir samba de algum paulista. Compositor de samba tinha que vir da Bahia ou do Rio. Ou no mínimo viver no Rio. São Paulo dava valsas, choros, modas de viola, grandes violonistas. Nada de sambista.

Ao lado de Adoniran Barbosa e, anos depois, de Eduardo Gudin, Paulo Vanzolini fez nascer um estilo de tamanha personalidade que sua obra foi incorporada à gênese do gênero com o selo lacrado, para alguns pejorativo, de samba paulista.

A singularidade da vida que levou --de dia o biólogo de renome internacional, de noite o boêmio bom de copo que não concebia ficar de fora da mesa de um bar papeando nas madrugadas-- fez de Paulo Vanzolini um homem de respeito em duas áreas diametralmente opostas.

Era admirado tanto por pesquisas científicas em herpetologia (estudo dos répteis) como pela capacidade de sintetizar em uma frase tudo que a alma de um músico paulista inveja criar.

Tinha o sexto sentido para a naturalidade de frases melódicas, a que ia incorporando versos, ou vice-versa, ou ainda tudo junto, não importa, para chegar a uma canção. De espreitada em espreitada, de samba em samba, deixou uma obra clássica para a música popular brasileira.

Sensível a seu lado caipira com a mesma fidelidade com que mordia o cachimbo, Paulo Vanzolini foi um repórter refinado de ruas, cenas e episódios que só poderiam ocorrer na cidade de São Paulo.

Foi um filósofo nos sambas urbanos criados sem muita pressa, com um certo abandono e a atitude de um musico diletante que preservou o que garimpou em sua existência: os fragmentos que formam o painel da expressão musical desta cidade.


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