Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Cotidiano

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

USP tem só 4 pretos nos dez cursos mais disputados

Dentre 774 matriculados em carreiras mais concorridas, só 0,5% diz ser preta

Dados explicitam a discrepância de perfil entre estudantes e população paulista, que tem 5,5% de pretos

JAIRO MARQUES DE SÃO PAULO

Apenas quatro alunos se declaram pretos entre os 774 matriculados nos dez cursos mais concorridos da USP (Universidade de São Paulo) do vestibular de 2012.

Para as três carreiras mais disputadas (medicina, engenharia civil de São Carlos e publicidade e propaganda) nenhum matriculado se define dessa maneira no questionário aplicado pela Fuvest.

Os dados explicitam a discrepância de perfil entre os candidatos que vão estudar na principal universidade pública do país e os habitantes.

Se nos dez cursos mais concorridos da USP os que se declararam pretos se limitam a 0,5% do total de matriculados, na população paulista esse índice atinge 5,5%.

Pelo Censo 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), outros 63,9% dos paulistas se dizem brancos, 29,1% pardos, 1,4% amarelos e 0,1% indígenas.

O número de pretos matriculados nas carreiras mais concorridas da USP recuou em relação ao vestibular de 2011, quando dez pessoas que se declararam pretas fizeram matrículas nos dez cursos.

Naquele concurso, cinco pessoas que se inscreveram como pretas estavam nos três cursos mais concorridos.

No questionário respondido pelos alunos, a USP usa a palavra preto, conforme classificação usada pelo IBGE.

Pelos dados é possível constatar que menos de um terço dos cursos da USP terá estudantes declaradamente pretos. Em geral, estão em cursos com baixa concorrência.

O curso com a maior quantidade absoluta de negros é o de licenciatura em matemática/física, com 17 pessoas. As carreiras de exatas, porém, são as que têm a menor proporção do grupo: 1,9%.

A USP hoje dá bônus no vestibular para estudantes de escolas públicas, mas não existe um benefício específico para pretos, pardos ou indígenas. Uma ampliação da política está em estudo.

David Raimundo dos Santos, diretor-executivo da ONG Educafro, afirma que há planos de ocupar a reitoria da universidade se não houver alterações no quadro para aumentar a inclusão de pretos.

"Vamos dar à USP a última chance de ela levar a sério o pobre e o negro. Ela tem de pôr em prática o projeto para que todos os cursos, em todos os turnos, tenham, em três anos, 50% de alunos da rede pública, com renda per capita familiar de um salário mínimo e meio e cotas para pretos, pardos e indígenas."

O perfil dos calouros da USP aponta também que a maioria estudou em escolas particulares.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página