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Análise

Sob pressão, USP debate acesso a aluno da rede pública

Faculdades divergem sobre o impacto das medidas na qualidade do ensino

FÁBIO TAKAHASHI DE SÃO PAULO

Os dados recém-divulgados do vestibular da USP pressionam a universidade a intensificar suas políticas de acesso a estudantes formados em escolas públicas.

Atualmente, uma da principais ações é a concessão de bônus de até 15% na nota desses alunos na Fuvest.

A própria reitoria reconhece que alterações são necessárias. Mas a intensidade das mudanças dependerá do embate de forças internas.

A pressão começou há mais de uma década. Movimentos sociais apontavam que a USP era elitista, por ter menos de 30% de alunos de escolas públicas entre seus calouros, sendo que 85% do ensino médio era público.

Parte dos acadêmicos começou a ficar convencida de que dar oportunidade a aluno desfavorecido poderia, além de representar justiça social, melhorar a qualidade do corpo discente, pois os beneficiados teriam mais motivação no curso.

Por outro lado, surgiu o temor de que mudar o perfil do alunato da instituição poderia prejudicar a qualidade da universidade --considerada em diversos rankings a melhor da América Latina.

Em 2006, a universidade implementou a bonificação no vestibular, que conseguiu reverter a queda no número de alunos de escolas públicas entre os aprovados. A proporção, porém, agora ficou estagnada na casa de 28%. E em 2013 nenhum negro entrou em cursos como medicina.

A pressão cresceu ano passado, quando o Congresso aprovou lei que determina que as universidades federais destinem 50% de suas vagas a alunos da rede pública, com cota especial para pretos, pardos e indígenas.

Em resposta, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e os reitores de USP, Unesp e Unicamp desenharam proposta que estabelece meta de ter, até 2016, 50% de alunos de escolas públicas, sendo 35% deles pretos, pardos e indígenas --em cada curso.

A proposta, porém, precisa ser aprovada internamente nas universidades. As primeiras avaliações das faculdades da USP foram contrárias, com argumentos diversos e, em alguns casos, opostos.

A FFLCH (área de humanas) entende que a proposta é tímida. Avalia que poderiam ser instituídas cotas, não metas. Já a direção da Faculdade de Medicina entende que a proposta pode prejudicar a qualidade dos cursos.

Na semana passada, a pró-reitoria de graduação afirmou que estuda a ampliação da bonificação no vestibular, sem necessariamente vinculá-la à obrigação de alcançar a meta de 50%. Todas essas forças deverão entrar em acordo até junho, quando a Fuvest precisa fechar o edital para o próximo vestibular.


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