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Cotidiano

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Endividadas, Santas Casas ameaçam fechar

Entidades espalhadas por todo o país respondem por 45% das internações do SUS, mas enfrentam falta de recursos

Dívida das filantrópicas deve chegar a cerca de R$ 15 bilhões em julho, segundo relatório da Câmara dos Deputados

DE SALVADOR DE MANAUS DE CURITIBA DE BELO HORIZONTE DE FORTALEZA

Centros de referência ou mesmo a única opção de atendimento em centenas de cidades pelo país, as Santas Casas vivem uma situação comum de fechamento de unidades, endividamento bilionário, falta de estrutura e ameaças de encolhimento.

Hoje, os cerca de 2.100 hospitais filantrópicos respondem por 45% das internações do SUS (Sistema Único de Saúde) e por 31% do total de leitos existentes no Brasil.

Ao mesmo tempo, seus débitos deverão chegar a R$ 15 bilhões em julho, segundo relatório do ano passado da Câmara dos Deputados que analisou a crise no setor.

Diante desse quadro, o Planalto prepara uma proposta que prevê o refinanciamento ou até o perdão de cerca de um terço desse valor.

Na Bahia, por exemplo, somente na última década o número de Santas Casas caiu de 108 para 63. Na maioria delas, hoje, seus patrimônios estão comprometidos como garantia financeira em processos de penhora.

Na unidade de Salvador, fundada em 1549 pelos protugueses, médicos e enfermeiros sofrem com salários atrasados e serviços foram interrompidos.

"Não tem como não comprometer a qualidade do atendimento", diz Maurício Dias, presidente da federação da área no Estado.

No Amazonas, dívidas trabalhistas fecharam em 2004 a Santa Casa de Manaus.

As ações trabalhistas de funcionários somam R$ 18 milhões. Hoje, o local está deteriorado e abriga moradores de rua --e a cada eleição políticos locais prometem a reabertura da unidade.

No Paraná, o grupo responsável pela gestão de três hospitais filantrópicos de Curitiba, incluindo o maior pronto-socorro da região, estuda reduzir as metas de atendimento, até o meio do ano, caso não consiga uma renegociação de seu contrato.

PEDINTES

Para cada R$ 100 gastos com os pacientes, somente R$ 65 são repostos pelo SUS.

"Viramos pedintes profissionais", diz o diretor de saúde do Grupo Marista, Álvaro Quintas, para quem a situação é "dramática". Reforma e compra de equipamentos ocorrem graças a doações.

Em Minas Gerais, acordos judiciais têm salvado o patrimônio da Santa Casa de Belo Horizonte, dona de uma dívida de R$ 270 milhões.

O hospital, com 1.164 leitos e média mensal de 55 mil consultas, 3.000 internações e 1.500 cirurgias, atende exclusivamente pelo SUS. E só não enfrenta risco de definhar por possuir braços na iniciativa privada, como plano de saúde e de medicina complementar.

FECHAMENTO

Nos últimos três anos, quatro filantrópicos encerraram as atividades no Ceará, e outros dois sofrem esse risco.

"Em dezembro, atrasaram o repasse dos procedimentos de hemodiálise em quase quatro meses", diz Paulo Linhares, presidente do sindicato cearense do setor.

"Aí você entra em uma ciranda financeira, recorre a banco, atrasa fornecedor e tudo isso vira um problema mais à frente. Não há administração que suporte essa situação", completa Linhares.

As instituições, por outro lado, são alvo de uma série de acusações de má gestão em diferentes cidades.

Em Manaus, por exemplo, questiona-se supostos cabides de emprego e irregularidades nas finanças. Alguns provedores chegaram a fazer bingos para arrecadar dinheiro, mas recursos não teriam sido repassados à instituição.


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