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Entrevista

'Bandido deve ter medo de cometer assalto'

Só educação levaria 15 anos, diz pai de estudante

DE SÃO PAULO

Folha - Como o sr. encarou a situação ao saber que o criminoso que matou seu filho era adolescente?
José Valdir Deppman - É um absurdo. Hoje o bandido não ameaça de morte. Vai pra matar, justamente porque se sente seguro amparado nessas leis, principalmente o menor.
Nossa proposta é a mudança na maioridade penal, mas não é só. Tem que mudar as leis, a execução penal. Quem comete crime hediondo tem de cumprir a pena toda. Hoje o cara tira "férias". E a família ainda ganha auxílio-reclusão.
A família do assassinado não é amparada em nada.

Que mudança a redução da maioridade penal traria?
Uma psicóloga que trabalhou na Fundação Casa me disse que teve contato com menores contratados para assumir o crime de maiores.
Justamente porque cumprem medida socioeducativa muito curta --seis meses, no máximo um ano [A punição máxima é de três anos].
Eles dão dinheiro, suporte para a família, e aí eles assumem a culpa.
A redução da maioridade penal vai inclusive proteger essas crianças.

O sr. acredita que a redução diminuiria a violência?
O menor que matou meu filho trocou um furto de celular por um tiro na cabeça. Se fosse diferente, pensaria: "Se der esse tiro posso ficar 30 anos preso". E não iria atirar. Talvez nem estivesse roubando.

Que idade o sr. defende para a maioridade penal?
Sou contra os 16 anos.
No crime hediondo, em qualquer idade, a criança deve ser emancipada para pagar como adulto. Se estabelecer 16 anos, eles vão atrás dos de 14.
Teria que ser assim: assassinou alguém, tacou fogo em alguém, tem de cumprir a pena como adulto. Ficaria na Fundação Casa até os 18 anos e iria para um presídio.

O que o sr. acha da pena para adolescentes infratores?
É muito branda e tem que ser mudada. Aquele que matou meu filho já tinha quatro passagens pela Fundação Casa, as duas últimas por roubo.
Na última ele ficou 45 dias. Você acha que 45 dias para um cara que anda armado, pratica roubo, vão resolver?

Mudar a lei seria suficiente?
Não sou demagogo a ponto de achar que só punição vai resolver o problema. Educação é primordial. Só que começar a tratar a educação hoje levaria 15 anos.
Enquanto isso, a sociedade não pode ficar à mercê.
O bandido precisa ter medo de cometer um assalto. Hoje ele não tem.


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