Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Cotidiano

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Entrevista

'É preciso ensinar valores às crianças'

Reduzir maioridade é parte da ação, diz pai de dentista

DE SÃO PAULO

O envolvimento de um menor de idade, como ocorreu no assassinato de sua filha, pode mudar algo?
Viriato Gomes de Souza - Isso aí é uma cartilha: todo grupo criminoso tem um menor, justamente para aliviar as coisas.

A redução da maioridade penal mudaria alguma coisa?
Crimes acontecem a cada dia, e a cada crime vem à tona essa coisa. A sociedade debate, debate e até hoje não encontrou solução.
De concreto é que todo grupo criminoso tem sempre um menor para jogar a culpa. Ele vai para uma casa de custódia até alcançar a maioridade.

Mas o sr. defende a redução da maioridade penal?
Talvez seja uma parte do caminho, uma coisa que dá pra ser feita de imediato. Mas ninguém tem garantia total que vai cessar a criminalidade. Tudo é paliativo, só minimiza alguma coisa.
O que seria geral mesmo é educar as crianças, ensinar valores. Quem está na escola hoje já está engatilhado em outro caminho, essa geração já está comprometida.
Os valores que eles têm em suas mentes são esses que já estão na sociedade, é crime e mais crime. Qualquer mudança seria só para as próximas gerações.

A redução da maioridade não levaria o recrutamento de cada vez mais jovens?
Isso vai acontecer, vai ser sempre inversamente progressivo. Em outros países, nos Estados Unidos, há prisões especiais para menores, desde os dez, 12 anos já se vai para a prisão. E mesmo assim tem crime lá.

O que o sr. acha da pena para menores infratores?
Ele fica naquele local [Fundação Casa] e não aprende nada, é uma escola da criminalidade. Sai pior.
A gente sabe qual é o nosso modelo prisional, a sociedade sabe que se faz muito pouco para recuperar um egresso. No fim, é um encargo para a sociedade. Enquanto um trabalhador ganha um salário mínimo, um detento custa mais de mil reais por mês.
Não adianta mudar só um regime prisional. A sociedade tem de estudar isso com muita calma. Não adianta fazer só leis, leis, e não aplicá-las.

A sociedade deve aproveitar momentos de comoção parar mudar a legislação?
Os assassinos da Daniella Perez [cuja morte levou à inclusão do homicídio qualificado como crime hediondo] estão soltos, nem chegaram a cumprir a pena toda.
Nesses momentos críticos todo mundo se mobiliza, depois o que acontece é que sai um escândalo e entra outro. O que passou será esquecido.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página