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Secretário promete tolerância zero após ato contra chacinas

Cerca de 500 pessoas invadiram sede da Segurança para exigir punição de policiais militares acusados de crimes

Fernando Grella Vieira diz que mantém 'canal aberto de diálogo' com as entidades de defesa dos direitos humanos

LAURA CAPRIGLIONE DE SÃO PAULO

O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella Vieira, recebeu ontem na sede da pasta, no centro da cidade, uma comissão de quatro representantes de entidades de direitos humanos, que acusaram soldados da Polícia Militar de atuarem em chacinas e grupos de extermínio na periferia.

Os representantes pediram "a investigação rigorosa dos crimes e a punição exemplar dos envolvidos".

Esta foi a primeira reunião entre o secretário e movimentos sociais que denunciam policiais militares. Durou exatos 54 minutos.

O encontro foi agendado depois de uma manifestação realizada na manhã de ontem, da qual participaram cerca de 500 pessoas portando cartazes com os retratos de vítimas de chacinas, além de faixas de protesto. "Até quando vamos pagar o preço da incompetência do governador Geraldo Alckmin [PSDB]", dizia uma delas.

O protesto culminou com a invasão, durante 40 minutos, da sede da secretaria, apesar da rápida ação dos policiais que fazem a segurança do local, tentando fechar as portas e impedir a entrada dos manifestantes.

Na reunião, Grella Vieira revelou que, só neste ano, 40 policiais foram presos sob suspeita de participar de homicídios -dentre eles, nove que, encapuzados, teriam atuado na chacina do dia 4 de janeiro no bairro do Campo Limpo, na zona sul.

'TOLERÂNCIA ZERO'

Sete pessoas foram assassinadas nessa ocorrência, inclusive o rapper Laércio Grimas, 33, o DJ Lah, do grupo Conexão do Morro.

Durante o encontro, o secretário escutou o relato da mãe do adolescente Bruno Cassiano, morto aos 17 anos, na mesma chacina. A mãe de Bruno era um dos quatro integrantes da comissão de representantes.

Colhido no meio da rua pela fuzilaria dos matadores, Bruno recebeu um tiro, mas conseguiu refugiar-se na casa de uma vizinha. Policiais militares do 37º Batalhão, que apareceram depois do ataque, dispuseram-se a socorrer o adolescente e levá-lo para o Hospital Municipal do Campo Limpo.

Segundo a mãe, ao chegar ao hospital, seu filho contava oito perfurações de bala. Morreu, tornando-se a vítima mais jovem da chacina.

Grella disse à comissão que sua posição é de "tolerância zero com abusos cometidos por policiais".

Pediu que a mãe de Bruno e os demais membros da comissão voltem à secretaria na próxima segunda-feira, para uma nova reunião -desta vez com a presença das corregedorias das polícias Civil e Militar e do comandante-geral da PM, coronel Benedito Roberto Meira.

O secretário reiterou que mantém "canal aberto de diálogo" com as entidades de defesa dos direitos humanos.

INDENIZAÇÕES

A comissão pediu também ao secretário que interceda para que os familiares de vítimas de chacinas recebam indenizações pagas pelo Estado nos casos em que se comprove a participação de policiais militares nos crimes.

"É preciso que o Estado de São Paulo trate igualmente os familiares de policiais assassinados (que estão recebendo indenização) e os familiares das vítimas dos maus policiais, que não vem recebendo nenhum apoio do governo", disse Guilherme Boulos, 30, dirigente da Associação Periferia Ativa, uma das entidades que organizou o protesto de ontem.

Em março, a Assembleia Legislativa aprovou um projeto que permite que familiares de policiais assassinados ganhem indenização de até R$ 200 mil.

O secretário prontificou-se a ajudar a encaminhar o pedido à Procuradoria-Geral do Estado e à Casa Civil, que podem iniciar o processo para transformar em lei o benefício às famílias.


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