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Foco

'Sumi', diz Daniel Cravinhos sobre os dias que passou fora do presídio de Tremembé

Condenado por matar o casal Manfred e Marísia von Richthofen em 2002, preso teve direito a saída temporária para o Dia das Mães

ROGÉRIO PAGNAN ENVIADO ESPECIAL A TREMEMBÉ (SP)

"Você tem até uma ideia [conversa] legal. Mas outros programas não têm. Pegam a imagem, misturam com o que já fizeram antes e deturpam tudoEu fiz tudo o que você [repórter] faria [se tivesse ficado preso por quase sete anos], você pode ter certezadaniel cravinhosassassino do casal Richthofen

Ainda fazia sol quando a família Cravinhos parou o carro diante da Penitenciária 2 de Tremembé (a 147 km de São Paulo), no fim da tarde.

Foram os pais de Daniel Cravinhos --Astrogildo e Nadja-- que deram carona para o filho mais novo retornar ao presídio após sua primeira saída em quase sete anos de prisão.

Daniel, seu irmão Cristian e Suzane von Richthofen foram condenados em 2006 pelo assassinato dos pais dela, Manfred e Marísia, em 2002.

O casal foi morto com vários golpes de barras de ferro enquanto dormia em casa, no bairro do Brooklin, na zona sul de São Paulo.

Mais forte e com cabelos grisalhos, Daniel demonstrou bom humor quando foi abordado pela Folha. Brincou ao ser questionado sobre os cabelos brancos. "São luzes."

ASSÉDIO

Daniel disse que não queria dar entrevistas nem contar onde passou a liberdade temporária do Dia das Mães. "Eu sumi", afirmou.

Ele disse que não ficou na casa dos pais para fugir do assédio da imprensa.

"Você tem até uma ideia [conversa] legal. Mas outros programas não têm. Pegam a imagem, misturam com o que já fizeram antes e deturpam tudo." Nessa hora, o pai interveio. "Até já inventaram coisas que eu teria dito. Por isso não queremos falar mais nada", disse Astrogildo.

Mas o que você fez nesses dias de liberdade?

"Eu fiz tudo o que você faria, você pode ter certeza", afirmou Daniel.

DESPEDIDA

Filho e pais ficaram mais alguns minutos dentro do carro se abraçando.

Estavam a uns 30 metros da primeira barreira do presídio, uma pequena cerca antes de um portão de ferro de quase três metros de altura, encravado numa muralha de concreto.

Às 17h28, 32 minutos antes do prazo determinado pela Justiça, Daniel desceu do carro, parou, olhou para trás e acenou para os pais. Cumprimentou o funcionário que estava na cerca e entrou.

CONVERSA

Depois, Astrogildo ainda conversou com o agente e disse-lhe que havia descoberto estar com câncer recentemente. Ele e a mulher, segundo o funcionário, visitam os filhos na penitenciária todos os finais de semana.

No regime semiaberto, Daniel não trabalha na rua. Executa atividades no presídio. Se interessou por paisagismo, segundo funcionários. Nunca arrumou briga, contam eles, que pediram para não ser identificados.

RETORNO

Cristian teria chegado mais cedo ao local, segundo funcionários. A Secretaria da Administração Penitenciária disse que não poderia confirmar se ele já havia retornado ao presídio ou não.

Caso ele não tenha voltado para a Penitenciária de Tremembé, será considerado foragido --tecnicamente o termo utilizado é evadido-- e, com isso, pode perder o direito ao regime semiaberto e ao desconto de parte dos dias trabalhados no cumprimento de sua pena.

Perto da hora de terminar o prazo da saída temporária, uma van desembarcou vários presos no local.

Às 18h em ponto, o pesado portão de ferro foi fechado e a região voltou a ficar deserta, do lado de fora.


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