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Depoimento

Não sei se sou uma ameaçadora bomba-relógio ou mais um gripado entre bilhões

JOSIMAR MELO CRÍTICO DA FOLHA

Foi rápido. Sexta passada jantei com uma família de amigos. No sábado, o garoto explode em febre, e no hospital é diagnosticado: H1N1.

Nos dias seguintes a família cai como pinos de boliche: a irmã, o pai, a mãe.

Temerosos de contaminar o planeta, trancam-se em casa, onde estão enlouquecendo até hoje numa inédita versão de reality show ("A Casa dos Doentes"?).

Para mim não sobrou apenas a função de cronista da desgraça alheia. Já no domingo fiquei febril. E também tranquei-me em casa --pelo temor de contagiar o mundo e pela falta de forças de chegar à porta.

Mas não fiz exame para detectar o tipo de gripe, que enfrentei como qualquer outra.

Até que se aproximou o fim de semana, e com ele um momento de decisão. Com viagem marcada para o exterior, eu queria saber se levaria comigo, Boeing adentro e mundo afora, aquela ameaça viral.

Ontem, fiz enfim o exame, cujo resultado só sairia hoje. Ainda não sei se sou uma ameaçadora bomba-relógio, ou apenas mais um gripado entre bilhões.

De toda forma, cansei da prisão, e decidi ganhar ao menos a cidade: se tiver a influenza A, terei cuidado com meus semelhantes mas sem o exagero da quarentena.

Primeiro, farei como os japoneses: ao menor sinal de resfriado, eles só saem de casa com máscaras cirúrgicas, para não infectar ninguém --é a cena mais comum.

Além disso, disse-me o médico: se não quer contaminar as pessoas, não converse com ninguém muito de perto (muito menos espirre ou tussa), e não dê a mão para ninguém (engraçado: os japoneses também não dão a mão. Não é muito afetuoso, mas que é precavido, é).


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