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Bilhete Único Mensal só valerá a pena para 10% dos passageiros

Em março, só 1 em cada 10 usuários fez viagens suficientes para cartão compensar financeiramente

Pare atrair mais gente, seria preciso reduzir tarifa ou integrar com metrô, diz especialista em transporte

ANDRÉ MONTEIRO DE SÃO PAULO

Se estivesse em operação hoje, o Bilhete Único Mensal, uma das principais promessas de campanha do prefeito Fernando Haddad (PT), só valeria a pena para um a cada dez passageiros.

Pelas regras anunciadas, por uma tarifa de R$ 140 o usuário poderá usar livremente os ônibus municipais por 30 dias, contados a partir do primeiro uso. Assim, o bilhete mensal passa a compensar financeiramente para quem faz mais de 46 viagens por mês.

Segundo dados obtidos pela Folha por meio da Lei de Acesso à Informação, em março 419 mil realizaram mais de 46 viagens. O contingente representa 10% dos 4 milhões de passageiros pagantes --idosos e deficientes, por exemplo, estão isentos.

O Bilhete Único atual permite usar até quatro ônibus num período de três horas pagando tarifa de R$ 3.

O levantamento não considera integrações com metrô e CPTM, já que o Estado ainda não decidiu se o cartão mensal poderá ser usado nos trens.

O cadastro para o novo cartão começou no mês passado, e a previsão da prefeitura é que ele comece a funcionar em meados de novembro.

A tarifa prevista será recalculada, já que o bilhete unitário será reajustado no dia 1º. O novo valor ainda levará em conta as 46 viagens/mês.

PACOTE

"É uma iniciativa válida, mas o cartão servirá mesmo para quem é cativo dos ônibus, anda o dia todo. Quem não for vai pagar e se arrepender", diz Horácio Augusto Figueira, mestre em transportes pela USP.

Alguns passageiros fazem os cálculos e dizem não se interessar pela novidade.

"Só vou e volto do trabalho, e ainda uso metrô. Acho que tinha de ser mais barato. Tudo que é vendido de pacote é mais barato", diz a analista fiscal Carina Cardoso, 26.

Quem usa ônibus para ir e voltar do trabalho em dias úteis, por exemplo, gasta hoje R$ 132 por mês. Já quem faz três deslocamentos diários paga ao menos R$ 198.

É o caso da coordenadora de segurança Juliana Andrade, 26. Ela usa ônibus para ir ao trabalho, de lá para a faculdade e, depois, na volta para casa. "Uso muito e trabalho de domingo a domingo. Vou fazer [o cadastro] mais pra frente ou esperar minha empresa comprar."

Para o especialista Figueira, seria preciso reduzir a tarifa ou implantar a integração com o metrô para atrair mais gente. "Mas isso requer cálculos complicados, pois teria que ver como fica o repasse ao metrô e ainda aumentar o subsídio", ressalta.

A prefeitura estima que a implantação do bilhete mensal aumentará o subsídio ao sistema de transporte em R$ 400 milhões. No ano passado, as empresas receberam cerca de R$ 1 bilhão.

FRAUDES

No primeiro mês, cerca de 20 mil pessoas se cadastraram pela internet para receber o Bilhete Único Mensal --uma média de 28 por hora.

O novo cartão terá uma foto do usuário --o principal mecanismo previsto para evitar as fraudes.

"O uso por terceiros configurará crime de falsidade ideológica e tentativa de fraude contra o poder público", diz o termo de uso.


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