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Ilustrada - em cima da hora
Marta diz que veto da Justiça a edital para negros é racista
Para ministra da Cultura, a decisão judicial tomada na segunda 'vai na contramão da história do mundo todo'
Em decisão, juiz do Maranhão suspendeu edital que soma R$ 9 milhões, por excluir as "demais etnias"
A ministra da Cultura, Marta Suplicy, classificou de "racista", "assustadora" e disse que vai "na contramão da história no mundo todo" a decisão judicial que determinou a suspensão de editais direcionados pelo MinC a produtores, pesquisadores e criadores negros.
O MinC (Ministério da Cultura) anunciou que irá recorrer da decisão tomada pelo juiz José Carlos do Vale Madeira, da 5ª Vara Federal do Maranhão, na última segunda.
O juiz entendeu que o ministério "não poderia excluir sumariamente as demais etnias" de seus editais e determinou "a imediata sustação de todo e qualquer ato de execução dos concursos que estejam relacionados".
A ação popular contra os editais (lançados em novembro do ano passado, somando R$ 9 milhões) foi proposta pelo procurador aposentado do Estado do Maranhão Pedro Leonel de Carvalho.
A criação de editais para autores e produtores negros "não pode servir de pretexto para a estruturação estatal de guetos culturais, que provoquem, por intermédio de ações com o timbre da exclusividade, o isolamento dos negros, colocando-os em compartimentos segregacionistas", decidiu o juiz.
"Acho uma ação não só racista, como assustadora. Vai na contramão da história no mundo todo, onde a ideia de dar possibilidade a grupos que têm menos condição por meio de ações afirmativas é cada vez mais aceita", disse Marta à Folha, por telefone, de seu gabinete em Brasília.
"Fora isso, [a decisão] não se aprofundou no estudo do que esse ministério faz. Não é a primeira ação visando diminuir desigualdade e [promover] inclusão social que tomamos. Fizemos edital para indígenas, para ciganos e vamos lançar em junho um para mulheres", afirmou.
Para Marta, as justificativas contrárias ao edital "são argumentos ideológicos fantasiados de outra roupagem" e diz que "temos de dar chance a todos" e que "esses projetos são de inclusão social".