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Alfredo Abrão (1929-2013)
Realizou o sonho de ser advogado
ESTÊVÃO BERTONI DE SÃO PAULOFilho de um contador formado pela primeira turma de contabilidade do Mackenzie, Alfredo Abrão trabalhou por muitos anos com o pai. Nesse período, não desistiu de seu grande sonho: fazer carreira como advogado.
Chegou lá aos 43 anos. Em 1972, formou-se em direito em Pouso Alegre (MG), mas atuou em São Paulo, sua cidade natal. Foi membro da comissão de ética e disciplina da OAB, segundo conta o filho Paulo.
Adorava a profissão, que exerceu até os 80 anos, e só parou por causa de um problema na retina, que o deixou só com a visão periférica.
A deficiência visual também o privou de uma de suas atividades prediletas: a leitura. A paixão pelos livros ele herdara do pai, que costumava pegar o filho e os netos no colo para ler poesias.
Alfredo, de ascendência libanesa, casou-se em 1952 com Benedicta, professora primária de família tradicional de fazendeiros de cana-de-açúcar.
Teve três filhos (dois deles se tornaram advogados) e, em 2002, ficou viúvo. Amoroso, como é descrito pela família, teve uma namorada depois --Paulo lembra que o pai, no começo, ficou com vergonha de revelar o relacionamento.
Provocador, não podia ver ninguém parado. Logo cutucava as pessoas. Gostava de torcer pelo Corinthians e de fazer pratos árabes, como quibe cru.
Na sexta (24), recém-operado da próstata, realizou o desejo de beber cerveja e comer salame e queijo, o que há muito não fazia. No sábado, morreu aos 83, após um infarto. Teve cinco netos e um bisneto.