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Folhateen
The disc is on the table
7 Kinds of Monkeys e Sexy Fi gravam álbuns nos EUA com dois produtores badalados
Na hora de produzir um disco, bandas brasileiras sem contrato com gravadora costumam ter orçamento apertado. Mas, com o dólar mais barato nos últimos anos, gravar nos EUA com um produtor renomado vem deixando de ser opção exclusiva a medalhões.
Este ano, dois grupos independentes estão lançando discos "made in USA". "Search for Gold", da banda-projeto 7 Kinds of Monkeys, e "Nunca Te Vi de Boa", do quinteto brasiliense Sexy Fi, foram registrados pelos produtores americanos Jack Endino e John McEntire, respectivamente.
O primeiro, de Seattle, foi um dos pilares da cena grunge da cidade nos anos 1990 e já gravou Nirvana, Soundgarden e Titãs. O segundo --do Oregon, mas baseado em Chicago-- é baterista da banda Tortoise e trabalhou com nomes como Teenage Fanclub, Stereolab, Blur e Tom Zé.
Apesar dos currículos de respeito, Endino e McEntire não estavam fora da realidade das bandas quando gravaram seus discos no começo de 2011, período em que o dólar estava abaixo de R$ 1,70.
"Dependendo do projeto, é viável", diz Amaro Lima, cantor e compositor do 7 Kinds of Monkeys, que agendou oito dias de gravação com Endino. Lima pagou metade dos custos da produção --a outra parte veio por incentivos da Lei Rubem Braga, da Secretaria de Cultura de Vitória (ES).
Já o Sexy Fi teve o disco todo bancado pelos integrantes da banda. O guitarrista João Paulo Praxis diz que chegou a consultar opções no Brasil antes de fechar com McEntire por três semanas.
"Custou o mesmo que em um bom estúdio do Rio ou São Paulo", calcula, incluindo passagens e estadia na conta.
Como a gravação pode durar de dias a anos, uma forma de prever gastos de uma produção é saber quanto custa a hora de aluguel do estúdio.
Nesse quesito, enquanto alguns estúdios bem equipados de São Paulo, como YB, NaCena e Midas, cobram mais de R$ 200 por hora, Jack Endino diz que os melhores (e mais caros) de Seattle custam no máximo US$ 85 (R$ 170). Dependendo dos preços das passagens e da estadia da banda, pode ser uma opção viável.
Há também os gastos com o produtor. Mas Endino, por exemplo, não tem um preço fixo. "É como você perguntar quanto custa um carro. Você quer o econômico ou o de luxe'? Faço disco de todos os formatos e tamanhos", diz.
Lima ficou satisfeito com o resultado e o custo-benefício de "Search for Gold". Mas ele também relativiza a experiência de gravar nos Estados Unidos. "No meu caso, queria fazer um disco de rock. Mas, se quisesse gravar samba, iria para o Rio. Se quisesse experimentar, faria em casa."