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Faroeste paulistano

Tiroteios e mortes no centro expandido aumentam sensação de insegurança, que motiva protesto e discussões políticas

AFONSO BENITES DE SÃO PAULO

Alguns moradores de Pinheiros, zona oeste de São Paulo, começaram ontem o dia com o estrondoso som de helicópteros de emissoras de TV.

O motivo era o assassinato de um jovem no estacionamento do McDonald's, na avenida Rebouças com a rua Henrique Schaumann.

Horas antes, foram moradores das vilas Olímpia, na zona oeste, e Mariana, na sul, que se assustaram. Na primeira, ladrões fizeram um arrastão no Quiosque Chopp Brahma. Na outra, um homem foi achado morto, com um tiro na nuca, dentro de um carro.

Diariamente, São Paulo registra, em média, 346 roubos, 574 furtos e três homicídios. A cada dois dias, há um latrocínio (roubo seguido de morte).

O que tem chamado a atenção da população e dos especialistas não é um aumento significativo dos índices, mas uma elevação da sensação de insegurança. Nos últimos dez dias, houve ao menos sete tiroteios no centro expandido.

Pesquisa da Rede Nossa São Paulo mostrou em janeiro que 91% das pessoas se sentem inseguras em São Paulo.

"Fui um dos que acordaram com o som do helicóptero. Temos a preocupação com todos os crimes da cidade, mas, quando está mais próximo, nos assusta mais", disse Marcos Fuchs, da ONG Conectas Direitos Humanos.

O coronel da reserva da PM José Vicente da Silva diz que essa sensação não costuma acompanhar as estatísticas.

"Metade dos postos de combustível da cidade é roubada uma vez ao ano e ninguém fica sabendo. Quanto mais raro o crime, como latrocínio, maior é a exposição na mídia."

Diretora do Instituto Sou da Paz, Melina Rizzo segue a mesma linha. "A disseminação das informações traz a percepção de que a principal causa de morte é latrocínio, o que não é verdade."

Ambos dizem, porém, que a sensação de insegurança não surge só pela superexposição, mas sobretudo por causa de falhas no policiamento.

Essa sensação chegou às redes sociais --no domingo, uma manifestação organizada via Facebook está marcada para as 10h no parque do Povo, no Itaim (zona oeste).

E também às discussões eleitorais. O vice-governador Guilherme Afif Domingos (PSD) já disse haver "uma epidemia de insegurança".

Possível adversário do governador Geraldo Alckmin (PSDB) em 2014, o ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) comentou, em artigo na Folha, os problemas de segurança.

"O governo do Estado anuncia bônus, promete aumentar o número de policiais, dar força para a Polícia Científica... Mas a verdade é que não se pode improvisar políticas consistentes de segurança", disse.

Nos últimos dias, Alckmin teve ao menos três reuniões com a cúpula das polícias. Foram marcadas após ele ser pressionado por socialites num jantar no Palácio.

Ontem, a Secretaria da Segurança não respondeu aos questionamentos da Folha.


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