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Um ano após greve, Alagoas exuma corpos sem atestado

Durante paralisação, 184 mortos foram enterrados sem documento de óbito

Movimento culminou no fechamento do IML; vítimas de homicídio e de acidentes de trânsito ficaram sem necropsia

RICARDO RODRIGUES COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM MACEIÓ

Um ano após a greve dos médicos-legistas que culminou no fechamento do IML de Maceió, o governo de Alagoas iniciou a exumação de parte dos 184 corpos enterrados sem atestado de óbito.

O atraso começou com a paralisação dos profissionais por falta de condições de trabalho e melhores salários. Vítimas de homicídio e de acidentes de trânsito ficaram sem necropsia, necessária para expedir o documento.

Sem atestado, familiares aguardam até hoje para receber indenizações e outros direitos, como o seguro DPVAT (por acidente de trânsito).

As exumações, determinadas pela Justiça estadual, ocorrem em ritmo lento, nos próprios cemitérios. Até agora, 36 de um total de 77 corpos foram exumados.

Em paralelo, a Defensoria Pública e o Tribunal de Justiça de Alagoas estão fazendo mutirões para expedir um documento que permite retirar a certidão de óbito nos cartórios. São casos nos quais o inquérito policial acabou e a exumação não foi requerida.

A cabeleireira Maria das Dores Campos, 59, mãe do taxista Ricardo Campos de Oliveira, 31, morto a tiros em 29 de junho de 2012, em Maceió, acompanhou a exumação do corpo do filho no dia 7.

Ela disse que a demora na liberação do atestado causou prejuízos como a perda do veículo e da "praça".

IML INTERDITADO

O anexo do IML de Maceió, construído provisoriamente atrás do prédio antigo, em um terreno cedido pela Universidade Federal de Alagoas, foi aberto há dois meses.

A parte de exames cadavéricos do prédio antigo está interditada desde a greve. Na época, os médicos se recusaram a fazer exames no local, que continua sendo usado para "estocar" cadáveres nas geladeiras sucateadas.

"Se um cadáver recolhido sem identificação passar de dez dias, temos de mandar enterrar como indigente, porque ninguém aguenta o fedor. As geladeiras não resfriam direito e sofremos constantes quedas de energia", afirmou o diretor-geral, Luis Mansur.

Segundo ele, o prédio novo, que está sendo construído no bairro do Tabuleiro, não tem data para ser concluído. Há cerca de dois anos, o Ministério Público estadual entrou com uma ação na Justiça cobrando do governo de Alagoas a entrega do prédio.

Segundo a promotora de Justiça Karla Padilha, autora da ação, o governo afirma que destinou R$ 4 milhões para a construção, mas as obras caminham a passo de tartaruga.

Procurado pela reportagem, o governo do Estado, por meio da Secretaria Estadual de Comunicação, não se pronunciou sobre a ação.


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