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Foco

Idosos de casa de repouso retratam lembranças e sentimentos em pinturas

JAIRO MARQUES DE SÃO PAULO

"Por que estamos fazendo esta exposição? Porque a arte não tem idade e pela necessidade de os seres humanos exercerem alguma atividade a fim de sentirem-se ativos, úteis e inseridos no novo contexto de suas (nossas) vidas."

É com o convite acima que artistas com idade média de 85 anos e moradores do Residencial Israelita Albert Einstein, na Vila Mariana (zona sul de São Paulo), chamam para a exposição de suas primeiras criações na mostra "A Arte Não Tem Idade".

Todas as 50 obras que serão expostas foram produzidas a partir da exploração de sentimentos, angústias e possíveis bloqueios emocionais dos autores durante suas aulas de arteterapia.

"Não tinha muita fé em minha capacidade de pintar, mas fui desenvolvendo. O processo foi sofrido para mim. Fiz um mergulho em diversas emoções. Não foi algo que fiz para passar o tempo, apenas. Foi muito além", diz Olga Schattan, 83, uma das expositoras.

A maior parte dos artistas convive com problemas de visão, audição e motores ou apresentam quadros de perda de memória.

Sofia Vida Zelazny, 91, quase não enxerga e usou a ponta dos dedos para criar suas telas. Ficou satisfeita com o resultado.

"Como todos estão dizendo que ficou muito bom, estou acreditando."

De acordo com a terapeuta Lucia Helena Ralo E Kalaf, "os quadros expressam momentos diversos das vidas dos autores. Alguns buscaram lembranças de alguma passagem da juventude, outros são relativos à atual realidade que estão passando".

A coordenadora de Assistência do residencial, Nivia Peres, avalia que o trabalho de preparo para a exposição ajudou a melhorar a convivência e a aumentar a tolerância entre os idosos que participam da oficina de criação.

"No início, eles faziam chacota, achavam que era algo bobo para gastar tempo. Mas, depois, foram descobrindo o valor da arte e se envolvendo cada vez mais. Até se esquecem de remédios e dores."

Cada uma das obras conta um pequeno relato da experiência vivida durante a produção dos quadros.

No de Myriam Dahis, 74, a mensagem descritiva é: "Tive a sensação de que, apesar de tudo, sou ainda capaz de expressar meus sentimentos pela pintura".


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