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Análise - Guerra da tarifa

Coibir violência em ato é versão menor de guerra

Maioria busca uma manifestação pacífica, mas basta uma pequena minoria de exaltados para criar uma crise

RICARDO BONALUME NETO DE SÃO PAULO

Tentar coibir a violência em manifestações é uma tarefa difícil para uma força militar ou policial por vários motivos; de certo modo, é uma versão condensada no tempo e espaço de uma guerra de contrainsurgência, como esta que os EUA travam há uma década no Iraque.

No caso paulistano, um dos motivos é a dispersão dos manifestantes, tanto fisicamente como politicamente.

Vários grupos marcam manifestações, em lugares e momentos diferentes. Não há um comando unificado com o qual as forças de segurança poderiam dialogar, nem há disciplina suficiente para conter os mais "exaltados".

Basta ver como é muito mais tranquilo policiar a Parada Gay, por exemplo. O evento tem rota precisa, são raros os incidentes, se comparados ao número de participantes. A polícia ali cumpre seu papel básico de proteger os manifestantes, não de reprimi-los.

A maioria em uma democracia busca uma manifestação pacífica; mas basta uma pequena minoria de exaltados (ou "vândalos", ou "baderneiros", você escolhe) disposta ao confronto para criar uma crise. É literalmente o caso de atirar a primeira pedra --ou a primeira bala de borracha. Depois da primeira, fica quase impossível conter a segunda.

Manifestantes são como guerrilheiros, parafraseando o chinês Mão Tsé-Tung: nadam no oceano da população. Não há como distinguir facilmente um jornalista, um estudante, um comerciante de um delinquente nesse "oceano".

Uma metrópole tem milhões de pessoas e os policiais são contados em milhares. O cobertor não dá pra cobrir tudo. Um policial na rua Mourato Coelho impedindo arrastões é um a menos patrulhando uma escola, ou um órgão público, ou bancos.

"Quem defende tudo não defende nada", disse o rei prussiano Frederico, o Grande. Não há policiais em número suficiente para proteger cada quarteirão. Pequenos grupos podem ficar isolados em meio a dezenas de manifestantes, agressivos ou não. É preciso muito autocontrole para não disparar uma bala de borracha nessas condições; nem todo PM é capaz disso.


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