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Periferia de SP quer melhorias na saúde, transporte e moradia

Ato no extremo sul inclui médicos para o posto e metrô entre as reivindicações

PATRÍCIA CAMPOS MELLO DE SÃO PAULO

Bem longe do glamour da avenida Brigadeiro Faria Lima e da avenida Paulista, a garçonete desempregada Kátia Oliveira, moradora do Capão Redondo, gritava "vem pra rua, vem!" enquanto amamentava sua filha de três meses, Ísis Vitoria. Ela se juntou a cerca de 1.000 manifestantes que caminharam 10 km pela estrada do M'Boi Mirim, na periferia no extremo sul da cidade, até o largo 13 de maio.

O protesto começou por volta das 7h30 no largo do Piraporinha. Ao contrário das manifestações nas avenidas Paulista e Faria Lima, grande parte dos participantes eram trabalhadores que não conseguiram pegar o ônibus para o trabalho.

Alguns tentaram invadir a subprefeitura de M'Boi Mirim e o terminal de ônibus Jardim Ângela. A Polícia Militar e a Guarda Civil Metropolitana responderam com cassetetes e spray de pimenta. Um homem, ferido, foi detido pela polícia após começar uma briga.

Ana Carolina da Silva Lima, de 17 anos, explicava para o patrão, pelo celular, que não ia conseguir chegar na loja de roupas onde trabalha, no largo 13 de maio. Para as amigas, dizia "prefiro mudar o Brasil, depois eu vou trabalhar." Para chegar à escola e ao trabalho, ela passa quatro horas por dia dentro de ônibus. "Lá no Capão Redondo, não é fila que tem pra pegar o ônibus, é guerra --ou você se joga no bate-cabeça, ou não consegue entrar. Estou cansada disso tudo."

As reivindicações no Jardim Ângela, uma das regiões mais violentas da cidade, eram mais realistas que na avenida Faria Lima, mas não menos diversificadas: duplicação da estrada M'Boi Mirim, terminal de metrô no Jardim Ângela, retomada de linhas de ônibus e, claro, a redução da tarifa. Mas eles também pediam moradia, médico para o posto de saúde e redução da idade para tirar carteirinha de idoso para 60 anos.

A manifestação foi organizada pelo MTST (Movimentos dos Trabalhadores Sem Teto), pelo Periferia Ativa e alguns representantes do Movimento Passe Livre. A PM acompanhou o protesto para "evitar saques", como disse o tenente-coronel Galindo. Todas as lojas na região fecharam as portas.

Quase todos os manifestantes usavam smartphones para fotografar ou filmar e postar nas redes sociais. "O 3G está pegando", comemorava a estudante Débora do Nascimento, de 28 anos.

Camisetas da Gaviões da Fiel, bonés virados para trás, bandeiras do Che Guevara e skates também eram comuns. Xingamentos contra a rede Globo se ouviam aqui e ali, e repórteres retiraram os logos de seus microfones.


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