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Cotidiano

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País em protesto

Agudos, a 313 km de SP, tem ônibus de graça há dez anos

Com 34 mil habitantes, município adotou o passe livre nos 16 veículos da frota, que transportam 9.000 pessoas

Gasto com a iniciativa é de R$ 120 mil por mês; outras duas cidades do Paraná também adotaram gratuidade

CRISTINA CAMARGO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM AGUDOS (SP)

O município de Agudos, a 313 km de São Paulo, se antecipou --e muito-- às manifestações no país pela tarifa zero no transporte público.

Há dez anos, passageiros circulam de ônibus pela cidade de 34 mil habitantes sem ter que pagar passagem.

Apesar da aprovação de moradores e empresas, ações de vandalismo levaram a prefeitura a equipar parte da frota com câmeras.

A criação de um cartão de identificação dos passageiros também está em análise.

Diariamente, os 16 veículos da frota transportam uma média de 9.000 pessoas.

A prefeitura mantém 25 funcionários no setor --20 deles, motoristas.

Ao ser apresentada durante as eleições de 2000, a proposta de tarifa zero do grupo político do ex-prefeito José Carlos Octaviani (PP) recebeu críticas e manifestações de descrédito.

"Eu mesmo achava um absurdo", diz ele. "Hoje, é visto como obra social."

A prefeitura gasta R$ 120 mil por mês para manter o serviço. A cidade do centro-oeste paulista tem orçamento anual de R$ 92 milhões.

O atual prefeito, Everton Octaviani (PMDB), sobrinho do anterior, afirma que não é fácil manter o benefício.

"É pesado. Hoje, a passagem custaria no mínimo R$ 1,50. Com a economia, o morador pode ter alimentação e vestuário melhor, por exemplo. Tem grande alcance social", diz ele.

E político também. Ao disputar a reeleição, em 2004, Octaviani obteve 68% dos votos válidos, ante 33% na primeira eleição, antes da gratuidade.

Quatro anos depois, elegeu o sobrinho, um jovem inexperiente na política.

Em 2012, as eleições foram mais inusitadas: Everton foi o único candidato.

MUDANÇAS

O transporte gratuito chama tanta atenção que há até quem tenha escolhido Agudos para morar por isso, como o pintor de móveis Moisés de Moura, 27, há seis meses na cidade.

A possibilidade de economizar fez com que trocasse São Manuel pela cidade vizinha. "Agudos mostra, numa época difícil, que dá para ter transporte gratuito", diz.

O serviço também atrai empresas, que ficam livres de gastos com vale-transporte.

A Provence, confecção de lingerie de Bauru (SP), instalou sua fábrica numa área de 5.000 m² no município.

"A redução nas despesas com transporte foi significativa", diz a empresária Marinez Conticelli Manflin.

Para manter o transporte gratuito, o prefeito diz que é preciso conter despesas.

Os cargos de confiança, por exemplo, caíram pela metade em 13 anos.

OUTRAS CIDADES

Em Ivaiporã (a 400 km de Curitiba), município com 31,8 mil habitantes, o transporte é gratuito há 12 anos.

Segundo o prefeito Luiz Carlos Gil (PMDB), o passe livre custou R$ 520 mil em 2012 aos cofres públicos.

O orçamento anual do município é de R$ 50 milhões.

Em Pitanga (a 338 km de Curitiba), com 32,6 mil habitantes, o serviço gratuito começou em fevereiro de 2012, com números mais modestos.

Dois ônibus levam cerca de 400 usuários por dia, a um custo de R$ 12 mil mensais para a cidade.


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