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Volume de recursos e patrimônio não batem, diz relatório
Happy Play, que faz parte de consórcio de transportes, não tem ônibus em seu patrimônio, revela investigação
'Movimentações suspeitas' chegam a R$ 4,8 milhões, realizadas entre janeiro e dezembro de 2007
As movimentações financeiras das contas bancárias mantidas pela Happy Play, uma empresa do Consórcio Leste 4, são consideradas "incompatíveis" com o seu patrimônio no relatório elaborado pelo Coaf (órgão de inteligência financeira do Ministério da Fazenda) a pedido do Ministério Público.
A suspeita do promotor Saad Mazloum aumentou após o cruzamento das informações do Coaf com os registros do Detran (Departamento Estadual de Trânsito). A Happy Play não tem ônibus em seu patrimônio.
A SP Trans diz que essa situação é regular porque a Happy Play pode apenas investir no consórcio, como faz, num exemplo hipotético, um fundo de pensão que aplica recursos no trem-bala.
O Coaf apontou como "atípicas" movimentações de R$ 4,8 milhões realizadas entre janeiro e dezembro de 2007. Não foi possível identificar quem fez os depósitos.
A operação "foi considerada incompatível com o patrimônio, a atividade econômica e a capacidade financeira" dos sócios da Happy Play.
Ainda conforme o Coaf, havia "retiradas significativas" das contas da empresa, que até então eram pouco movimentadas, diz o documento.
A Happy Tour foi criada em 1987 em um endereço do Tucuruvi (zona norte de São Paulo), como agência de viagens. Sua atividade principal passou a ser uma operadora de turismo e companhia de transporte urbano.
Há repasses atípicos entre empresas do mesmo grupo, segundo o promotor. A empresa de ônibus Novo Horizonte enviava mensalmente R$ 350 mil para a Happy Play. Ainda segundo o Ministério Público, a Novo Horizonte depositava R$ 561 mil mensais nas contas da Coopernova Aliança. A Novo Horizonte e a Coopernova têm os mesmos sócios, segundo Mazloum.
"Tudo isso aponta para clara ocorrência de desvio de valores e confusão patrimonial entre empresas e seus proprietários/administradores, em prejuízos dos credores e com reflexos diretos nos serviços prestados à população", escreveu Mazloum na ação que está na Justiça.
Também foram tratadas como suspeitas operações imobiliárias entre a Himalaia Transportes e a Himalaia Investimentos e Participações.
Em um único dia de 2006, a Himalaia Transportes adquiriu três imóveis da coligada, por R$ 49,5 milhões. A compra pode ser uma forma de tirar recursos da empresa de ônibus.