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País em protesto
Bando usa protesto no Rio para fazer arrastão; confronto deixa 10 mortos
PMs perseguiram criminosos após grupo cometer crimes em manifestação e voltar para favela
Operação policial foi feita depois de assaltos em ato na zona norte; sargento e moradores estão entre as vítimas
Uma série de confrontos entre policiais e assaltantes deixou dez mortos e seis feridos no Rio após um grupo aproveitar uma manifestação de estudantes para assaltar motoristas e pedestres.
A passeata reuniu anteontem cerca de 150 pessoas em Bonsucesso, na zona norte. Elas interditavam vias parcialmente, protestavam por motivos variados e eram acompanhadas por PMs.
No começo da noite, um grupo que saiu da favela Nova Holanda, no complexo da Maré, se aproveitou do protesto para fazer um arrastão.
Policiais militares que monitoravam a manifestação perseguiram os bandidos, que voltaram para a favela.
A operação policial deu início a uma série de confrontos dentro do complexo do final da noite até ontem de manhã.
A infiltração de criminosos para assaltar e fazer saques em meio à onda de protestos pelo país já havia sido verificada em outras capitais.
FORÇA NACIONAL
Entre os mortos no Rio estão Ednelson Jerônimo dos Santos Silva, 42, sargento do Bope (Batalhão de Operações Especiais), e os moradores Eraldo Santos da Silva, 36, e José Everton de Oliveira, 21.
Segundo uma moradora, usuários de crack estavam entre os que iniciaram os assaltos na manifestação.
Como está no caminho do Aeroporto Internacional do Rio, a favela Nova Holanda tem seu entorno policiado pela Força Nacional desde que começou a Copa das Confederações --que terá a final no domingo, no Maracanã.
Ao perceber a atuação dos criminosos, agentes da força pediram reforço do Bope.
Houve troca de tiros com a chegada da tropa e um policial foi morto. O Bope então fez uma incursão pela favela.
Moradores acusaram os policiais de terem cometido abusos. O major João Jacques Busnello, subcomandante do Bope, disse que a tropa apenas reagiu aos ataques.
Segundo os moradores, dois homens teriam sido torturados e assassinados a facadas por policiais em duas casas na favela --onde foi feita perícia ontem à tarde. A Polícia Civil disse que vai aguardar os resultados dos laudos.
Ao longo do dia, moradores ameaçavam fechar a avenida Brasil em manifestações e eram reprimidos. Carregavam uma faixa: "a polícia que reprime na avenida é a mesma que mata na favela".
Oito homens tinham sido presos e um adolescente apreendido. Foram encontradas armas (como quatro fuzis) e droga (10 mil papelotes de cocaína, maconha e crack).