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Com alunos sem aula, curso de medicina da UFSCar está em xeque
Reitor afirma que prefeito deixou de repassar verba combinada; prefeitura não comenta
Enquanto a presidente Dilma Rousseff anuncia a intenção de criar 11 mil novas vagas de graduação em medicina, o curso da Universidade Federal de São Carlos, criado em 2006 pelo governo Lula, está ameaçado.
O reitor Targino de Araújo Filho, em nota divulgada anteontem para professores e alunos da UFSCar, afirma que a Prefeitura de São Carlos deixou neste ano, com o início da gestão de Paulo Roberto Altomani (PSDB), de oferecer médicos para monitorar as atividades práticas dos alunos, impossibilitando-as.
Ele afirma ainda que a prefeitura está "estrangulando financeiramente" a gestão do hospital-escola vinculado ao curso de medicina.
O reitor afirma que o prefeito deixou de repassar ao hospital cerca de R$ 400 mil mensais que são, por contrato, responsabilidade da prefeitura. A diretoria do hospital ameaça paralisar as suas atividades a partir de segunda-feira.
Por meio de sua assessoria, a prefeitura informou que não iria se manifestar.
Araújo cita ainda "eventuais disputas partidárias" para justificar o corte --São Carlos foi governada pelo PT de 2001 a 2012.
Fruto de parceria entre UFSCar e prefeitura, o curso era considerado modelo na expansão das universidades federais dos anos Lula, pela ênfase em saúde da família.
Na nota enviada a docentes e alunos, Araújo comunicou que a continuidade da parceria e as barreiras à "manutenção dos cursos de saúde da UFSCar, especialmente o de medicina" serão objeto de debate em reunião do Conselho Universitário nesta sexta-feira. À Folha, porém, o reitor negou que a UFSCar estude fechar o curso de medicina.
Em protesto contra a falta de aulas práticas, os alunos entraram em greve em março. Após 83 dias, a greve foi encerrada, mas a maioria dos alunos segue sem as atividades. O coordenação do curso atribui o problema, entre outras causas, à falta de médicos.
Há três semanas, os próprios alunos, por meio do seu centro acadêmico, pediram o encerramento do curso, pela falta de "condições mínimas para o ensino da medicina".
Não seria inédito. Em 2003, o curso da Universidade Estadual de Ponta Grossa foi encerrado por falta de estrutura e os alunos foram transferidos para outras universidades. Em 2009, a UEPG recriou o curso.