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Planilha é uma caixa preta, diz especialista

Para Carlos Henrique Carvalho, do Ipea, prefeituras não divulgam composição dos preços por medo de desgaste político

Em São Paulo, o número de passageiros cresceu 16% entre 2005 e 2012 -- de 2,5 milhões para 2,9 milhões por ano

MARIO CESAR CARVALHO DE SÃO PAULO

O engenheiro de transportes e pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas) Carlos Henrique Carvalho, um dos maiores especialistas em transporte urbano, concorda em uma coisa com o Movimento Passe Livre: as planilhas sobre custos da tarifa de ônibus são uma caixa preta.

"É uma caixa preta porque as prefeituras não divulgam os componentes da tarifa."

A razão? "Medo de desgaste político". A remuneração das empresas, que é de 14% em São Paulo, incide sobre ônibus, garagem e equipamentos. Sobre os demais componentes da tarifa, como mão de obra e óleo diesel, a prefeitura paga os valores definidos na planilha.

Segundo o engenheiro, São Paulo tem uma das taxas de retorno mais altas do país porque tem ônibus novos, com uma média de idade de cinco anos, e esse componente faz parte da tarifa.

Quanto mais a frota é nova, mais a empresa recebe, como estímulo à renovação.

Bráulio Borges, economista-chefe da LCA Consultores, diz que em tese não faz o menor sentido pagar uma taxa de retorno mais alta para concessão de ônibus do que para estradas.

Para ele, a demanda por ônibus é mais ou menos constante, enquanto o uso de estradas sofre oscilações com o vai e vem da economia.

Em São Paulo, o número de passageiros cresceu 16% entre 2005 e 2012 -- de 2,5 milhões para 2,9 milhões por ano. Só entre 2011 e 2012 houve uma pequena queda (0,81%), atribuída à inauguração de uma nova linha de Metrô, a de número 4.

O economista diz que já solicitou as planilhas com os componentes da tarifa de ônibus para a Secretaria de Transportes da prefeitura.

Ele queria estudar a planilha para fazer previsões de inflação nos períodos de reajuste. Seu pedido nunca foi atendido, segundo ele.

O Banco Central, segundo o economista, teve um problema similar ao tentar entender as planilhas de custo das tarifas de ônibus no país todo, com a mesma intenção: prever a inflação na época dos reajustes.

Como não teve acesso aos dados da grande maioria das prefeituras, o Banco Central editou um relatório em que recomenda aplicar o IPCA (o índice oficial de inflação) na correção da tarifa, já que não obteve os dados que compunham a tarifa nas principais capitais.


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