Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Cotidiano

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

André Barcinski

De Maria Bonita a Jack Sparrow

Evento mexe com Paraty, muda os hábitos dos comerciantes e até as roupas dos moradores moradores --até na vestimenta

Não é segredo que a Flip mexe com Paraty. Tivemos prova disso há alguns dias, quando encontramos nosso amigo Wagão, que só anda de chinelo de dedo e camiseta regata do Fluminense, usando capacete, uniforme de "staff" do evento e falando apressadamente ao walkie-talkie: "Tô trabalhando na montagem das tendas", explicou Wagão.

Quem mora na cidade logo percebe os sinais de aproximação do evento: o casal vestido de Maria Bonita e Lampião se coloca na ponte que liga o Pontal ao centro histórico e vende sua literatura de cordel; o jovem de cabelo "black power" posiciona a plaquinha que oferece "versos a um real". Não demora, e aparece também o sósia de Jack Sparrow, de "Piratas do Caribe", cobrando dois reais por uma foto.

As lojas da cidade reciclam sua mercadoria: nas vitrines, somem as camisetas "Antes um bêbado conhecido que um alcoólatra anônimo", "Vem pra cachaça você também" e "Instrutor de sexo: primeira aula grátis", substituídas por estampas com poemas de Drummond. Faz parte.

Outro personagem inescapável da Flip é o sujeito que chamamos de "morador ocasional": durante os cinco dias da festa, a figura abre as portas e janelões de um casarão colonial no centro histórico, liga um Miles Davis no último volume e passa as tardes sentado na calçada, fumando um cachimbo, lendo poesia e acariciando um cachorro do tamanho de um camelo.

Muito "cool". Curiosamente, não é visto nos outros 360 dias do ano. Também faz parte.

A verdade é que a Flip é vital para a cidade. Restaurantes, pousadas, hotéis, agências de turismo, barqueiros, cachaçarias, lojas, todos esperam o evento com ansiedade. São 800 empregos diretos, sendo metade para a população local.

Os hotéis e pousadas ficam tão cheios que tem gente se hospedando em Ubatuba, a 70 quilômetros.

Na tarde de quarta-feira, antes do início oficial da festa, Paraty já estava lotada.

Na ponte, Maria Bonita oferecia seus cordéis e autores independentes tentavam vender seus livros. Muito bonito ver tanta gente tentando sobreviver da literatura.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página