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Coutinho diz que só se vê filme nacional 'por acaso'

Cineasta relança tiragem limitada em que critica filme de Bergman e nouvelle vague

MARCO AURÉLIO CANÔNICO ENVIADO ESPECIAL A PARATY

"Eu nunca tenho nada a dizer, amanhã vai ser um problema." A reclamação do cineasta Eduardo Coutinho, 80, na entrevista coletiva ontem, em Paraty, poderia ser mau presságio para a mesa de que participa hoje na Flip.

Mas basta a primeira pergunta para Coutinho mostrar que tem muito a dizer sobre cinema e o gênero de sua preferência, o documentário.

"Não me levo muito a sério, isso é essencial. Como eu fiquei relativamente conhecido com 50 anos, levo isso tudo com muita ironia. Eu sou o melhor cineasta de mim mesmo, do meu quarteirão", disse o diretor de "Cabra Marcado para Morrer" (1984) e "Edifício Master" (2002).

Coutinho disse lidar com a crítica a seus filmes "de modo contraditório". "Quando a crítica é burra, eu nem ligo. Tem coisas que falam bem de um filme meu e eu acho que me enganei, porque, para certas pessoas estarem elogiando, só pode ter sido erro meu. E há outras que indicam novas leituras possíveis, coisas que eu não tinha pensado."

A presença do cineasta na Flip será celebrada também com uma tiragem limitada do livro "O Olhar no Documentário", que reúne o ensaio que dá título a obra, em que Coutinho analisa sua profissão, e depoimentos de Ferreira Gullar, João Moreira Salles e Eduardo Escorel.

A parte mais rara do livro é a que inclui críticas cinematográficas que o próprio Coutinho assinou para o "Jornal do Brasil", entre 1973 e 1974.

Nelas, diz ter falado mal de "O Sétimo Selo", "o pior filme do Bergman, com uma simbologia que pesa toneladas" e atacado duramente a nouvelle vague francesa.

"Não gosto do surrealismo no cinema, acho que não dá certo. E odeio a vanguarda francesa. Os dois filmes que o [Luis] Buñuel fez com o [Salvador] Dalí, Um Cão Andaluz' e A Idade do Ouro', valem mais do que toda a vanguarda francesa junta, pode pegar e jogar no lixo."

Com um humor ranzinza, Coutinho falou sobre a falta de audiência do cinema nacional, em que "o público só vê filme brasileiro por acaso". "Estava entrando no cinema para ver um filme nacional e o porteiro me falou: Olha, o filme é brasileiro, hein'",


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