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Posso parar SP

Líder da oposição do sindicato dos motoristas de ônibus, que está em guerra, Edivaldo Santiago luta para retomar o poder e diz que pode voltar a paralisar a capital "quando for necessário"

CÉSAR ROSATI COLABORAÇÃO PARA A FOLHA ANDRÉ MONTEIRO DE SÃO PAULO

"Tenho articulação política capaz de parar a cidade quando for necessário."

É o que diz um dos principais líderes das manifestações que pararam 16 dos 29 terminais de ônibus de São Paulo na última semana.

Edivaldo Santiago, 65, secretário-geral do sindicato dos motoristas e cobradores, rompeu com a diretoria que apoiava e agora concorre na eleição interna pela oposição.

A disputa no sindicato, que tem um histórico de 16 mortes em duas décadas, voltou a virar caso de polícia na noite de quarta, após um tiroteio em frente à sua sede --que deixou dez pessoas feridas.

Horas antes, a Folha presenciou Santiago ditar as ordens para manifestantes fecharem o maior terminal de São Paulo, o Parque D. Pedro 2º (centro).

De voz rouca e estatura baixa, em minutos foi cercado. Estufou o peito, aumentou o tom, e passou a desfiar promessas de melhorias aos motoristas, caso fosse eleito.

"Modéstia à parte, nunca perdi nenhuma eleição que disputei", afirma.

Baiano de Feira de Santana (BA), era motorista da antiga Viação Campo Belo quando entrou no movimento sindical, em 1967. Assumiu a presidência do sindicato em 1981, e desde então vem causando dor de cabeça para diversos prefeitos. Liderou em 1992 a maior greve da história da capital, de nove dias.

Idolatrado por aliados, Santiago tem carisma reconhecido até por adversários. Em um meio onde todos recebem apelidos curiosos como "Febem" ou "Descaralhado", nunca foi chamado por outro nome. "Sempre fiz a defesa intransigente da classe, por isso a categoria me respeita."

O sindicalista adota um discurso de crítica aos empresários de ônibus --diz que eles "não vieram para transportar passageiro, mas para ganhar dinheiro".

Mas sempre manteve um bom relacionamento com eles e já foi acusado de receber dinheiro para fazer locautes.

VIOLÊNCIA

Santiago é candidato a vice, mas presidiu o sindicato quatro vezes e é o principal articulador da oposição.

Diz não temer a disputa, mas usa um Peugeot 207 blindado e geralmente tem ao lado "um amigo, mas que não é policial nem bate-pau".

"Nunca tive medo de morrer, eu dificulto o assassino chegar à porta. Mas tenho receio de ser assassinado, como tive no tiroteio do sindicato. Os tiros tinham direção."

A chapa de oposição tem como candidato a presidente José Valdevan, o "Noventa", que hoje é diretor financeiro.

Ambos são acusados por opositores e por investigações da polícia e do Ministério Público por diversos crimes.

Contra Santiago, a acusação mais grave é a de ser o mandante do assassinato de Maurício Cordeiro, então presidente do sindicato de Guarulhos, em 2001.

Segundo a Promotoria, Cordeiro foi assassinado porque não quis trocar a CUT pela Força Sindical, à qual o sindicato paulistano era filiado na época. Entre os acusados também está José Carlos de Sena, ex-dirigente da Força e padrinho político de Santiago, que morreu em 2007.

"Vou provar minha inocência, não há provas", afirma.

Noventa e Santiago também estavam entre os 19 diretores do sindicato que foram presos em 2003 acusados de enriquecimento ilícito e formação de quadrilha.

Isao Hosogi, o Jorginho, atual presidente e candidato à reeleição, também estava entre os presos. Ele assumiu o sindicato por influência de Santiago, a quem chamava de "padrinho", mas hoje o acusa de não lutar pelos direitos da categoria.


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