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Delegados divergem sobre suposto elo de Amarildo com tráfico

Responsável pela investigação do sumiço do pedreiro, na Rocinha, descarta suspeita levantada por colega

Pedido de prisão da mulher do pedreiro foi recusado pelo Ministério Público por ser "muito genérico"

MARCO ANTÔNIO MARTINS DIANA BRITO DO RIO

Desaparecido desde 14 de julho, o pedreiro Amarildo de Souza, 43, é motivo de divergência entre dois delegados da Polícia Civil do Rio.

Ruchester Marreiros investigou o tráfico na favela da Rocinha (zona sul do Rio) antes do desaparecimento de Amarildo e aponta o pedreiro e sua mulher, Elizabeth Gomes da Silva, 48, como envolvidos com o crime.

Já o delegado Orlando Zaccone, responsável pela apuração do desaparecimento, considera que a investigação do colega foi malfeita.

Na sua investigação, Marreiros chegou aos nomes de "Boi" e "Beth" como envolvidos com os traficantes. Depois do sumiço do pedreiro, ele fez a ligação dos apelidos com Amarildo e sua mulher.

O delegado Marreiros coordenou, junto com o comandante da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Rocinha, major Edson Santos, uma ação contra o tráfico no dia 13 de julho que resultou na prisão de 48 pessoas.

No dia seguinte, Amarildo foi levado por PMs à sede da UPP e nunca mais foi visto.

"Provas testemunhais, de moradores e de policiais mostram que Boi' era o Amarildo. O envolvimento de Beth não apareceu em um primeiro momento, mas, com o desaparecimento do Amarildo, isso veio à tona", afirmou Ruchester Marreiros.

Na época da investigação, ele era assistente de Zaccone na delegacia da Gávea.

"Não recusei o relatório, mas não posso dizer que a Beth que aparece no documento é a mulher do Amarildo. Quantas Beths existem na Rocinha?", afirma Zaccone.

"[O relatório] também diz que um tal de Boi' é ligado ao tráfico. Não posso levar por presunção um processo de criminalização contra qualquer pessoa. A desqualificação de parentes de desaparecidos é um processo antigo no Brasil, desde a ditadura", disse o delegado.

Em relatório entregue ao Ministério Público estadual na última segunda, Marreiros pediu a prisão de Elizabeth da Silva. Segundo ele, Amarildo e a mulher davam proteção a traficantes, escondiam em casa armas de criminosos e cediam o espaço para reuniões do tráfico.

O pedido de prisão foi recusado pela promotora Marisa Paiva sob argumento de que era muito genérico.

Segundo Zaccone, não há nenhum indício concreto contra o pedreiro ou sua mulher. "Dizem que uma testemunha foi torturada na casa de Amarildo. Qual o morador de uma favela que não vai permitir a entrada de um traficante armado em sua casa? Isso não quer dizer que a pessoa seja da quadrilha", disse.


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