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Zerar falta de especialistas levará anos, diz Padilha

Só a médio prazo haverá mais médicos especializados, diz ministro da Saúde

Número de hospitais com dificuldade de contratação dobrou de 2008 a 2011, mostra pesquisa da UFMG

FLÁVIA FOREQUE JOHANNA NUBLAT DE BRASÍLIA

Enquanto o governo federal trava uma batalha pública para suprir, de imediato, a falta de médicos na atenção básica do interior do país, ações para resolver o deficit de médicos especialistas levarão anos para ter efeito.

"Infelizmente, [o impacto] é de médio prazo, porque o Brasil nunca planejou a expansão da residência a partir da necessidade da população", disse à Folha o ministro Alexandre Padilha (Saúde). "Leva de dois a três anos para formar o especialista."

A presidente Dilma Rousseff promete dobrar, até 2017, o número de vagas de residência médica. Há, hoje, 11.468 postos, disputados por recém-formados (15 mil no ano) e por quem ainda não fez o curso.

Em cinco anos, o governo quer tornar essa etapa obrigatória na formação.

As medidas integram o programa Mais Médicos, cujo braço mais adiantado é o reforço no número de profissionais no interior e nas periferias --brasileiros ou profissionais vindos de fora do país.

SALÁRIO DE R$ 30 MIL

Atualmente, gestores de cidades e hospitais reclamam da dificuldade de contratar pediatras, anestesiologistas, psiquiatras e outros, mesmo em centros de referência.

O Hospital de Câncer de Barretos (SP), por exemplo, não consegue suprir sua demanda por especialistas, mesmo pagando salários iniciais de até R$ 30 mil --seja na sede ou em centros que mantém em outras regiões.

Na semana passada, por exemplo, pela falta de quatro médicos, um centro de diagnóstico foi aberto em Campo Grande (MS) com apenas metade da capacidade.

"Há serviços ociosos por falta de especialista. A quantidade de residências é muito insuficiente pelo crescimento da demanda com o envelhecimento e crescimento da população", diz Henrique Prata, gestor do hospital.

LEVANTAMENTO

O diagnóstico é reforçado por pesquisas do Observatório de Recursos Humanos em Saúde da UFMG. Estudo comparativo revelou que cresceu, entre 2008 e 2011, a dificuldade de contratação do médico para oito especialidades pesquisadas, principalmente anestesiologia e pediatria.

Em 2008, 32,1% dos hospitais consultados relataram ter "muita dificuldade" para contratar um pediatra. Passou para 66,8% em 2011.

"Independentemente da região, se no interior ou na capital, o fato é que essa dificuldade é crescente", afirma Sábado Girardi, coordenador do núcleo de educação em saúde coletiva da UFMG.

Segundo ele, resultados preliminares de estudo de 2012 mostram que a situação se mantém. "Não encontramos nenhuma melhoria no quadro, pelo contrário."

Girardi reconhece que a ampliação de vagas de residência médica pode suprir a carência por especialistas no mercado, mas sugere outras opções.

"Um dos caminhos seria expandir o escopo de prática de outras profissões que poderiam fazer mais em termos de procedimentos que hoje são exclusivos dos médicos."

Ele afirma ainda que, em alguns casos, a baixa oferta de determinadas especialidades é decorrente de uma "cartelização". "[O objetivo] é formar uma escassez artificial para aumentar salários."

NÚMERO EXATO

O ministro da Saúde argumenta que a gestão Dilma tem adotado medidas para ampliar a formação de especialistas, como o pagamento de bolsas adicionais de residência nas áreas de carência desde 2011 e, agora, o Mais Médicos.

O Ministério da Educação está levantando o número exato de especialistas do país para poder projetar o total de vagas a serem abertas em cada especialidade.


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