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Foco

Voluntária faz perucas de cabelo natural para doar a mulheres com câncer

Fios que viram perucas são doados de lugares de todo o país para o Hospital de Câncer de Barretos, no interior de São Paulo

JULIANA COISSI DE RIBEIRÃO PRETO

Passar horas em frente à máquina de costura criando perucas sempre funcionou como forma de terapia e relaxamento para a cabeleireira Neuza Correa Longo, 66, de Guaíra, vizinha a Barretos.

Há oito anos, passou a ser também um exercício de amor ao próximo. Neuza costura perucas de modo voluntário, gastando até R$ 300 em material por peça, para depois doá-las ao Hospital de Câncer de Barretos.

As perucas são de cabelos naturais, enviados ao hospital por meio de doações.

Por dia, aliás, chegam ao hospital de três a quatro mechas de todo o país, desde outras cidades paulistas e até do Nordeste. Detalhe: muitas são enviadas pelos Correios.

Os próprios pacientes são doadores. Foi o caso de Tamara Petita Mazotti, que fez questão de fazer a doação ao raspar a cabeça depois de descobrir a doença.

A fila por perucas no hospital é crescente. Há cerca de 90 pedidos de perucas de cabelos por mês, mas Neuza só consegue produzir três no mesmo período.

PACIÊNCIA

Há 49 anos ela iniciou o ofício de "penteadeira", lembra-se Neuza da maneira como a profissão era chamada.

O trabalho é minucioso e exige paciência e jeito. O primeiro trabalho de Neuza é o de separar os cabelos doados. Ela agrupa mechas por cor e tamanhos. Os montes são penteados, e no processo muitos cabelos se perdem.

A primeira peruca doada ao hospital surgiu como uma forma de prestar ajuda, mas também de agradecer, já que o pai havia passado por tratamento no mesmo lugar.

Ao ver uma moça de 25 anos, sem cabelos, aproximou-se e perguntou se aceitava a peruca como doação. "Ela me abraçava e chorava. Falava: Ah, agora vou arrumar um namorado".

O gesto frutificou, conta Neuza. A jovem casou-se e teve uma filha, antes de morrer. "Foi gratificante."


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