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Ode Pereira de Melo (1928-2013)

Acostumada a vencer adversidades

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O que fazer quando você, aos 37 anos, perde o marido inesperadamente e se vê diante de cinco crianças --a menor com dois anos, a maior com 13 e três garotos no meio? E descobre que tem de começar tudo praticamente do zero?

Ode não titubeou. Optou por criar a família, sozinha que fosse --mesmo na penúria e abalada pela morte do companheiro, Josimar Moreira de Melo, em um acidente nunca bem explicado. Era outubro de 1965, pouco mais de um ano após o golpe militar.

Ode estava acostumada a vencer adversidades. Seus pais morreram ainda jovens, vítimas de um mundo sem antibióticos. A irmã, Olaia, também partiu cedo. Coube a Ode criar os sobrinhos Conceição, Franco e Graça.

Tinha vários empregos, um deles de jornalista na extinta Agência Nacional. Tocava piano e acordeom com maestria. Chegou a se apresentar no Theatro Municipal do Rio. Adorava Chopin.

Mas seu grande orgulho eram os cinco filhos. Para tirá-la do sério, bastava criticar Cristina, Josimar, Ricardo, Roberto e Maria Olaia. Nunca deixou de ajudar as duas filhas que escolheram viver longe de São Paulo. Fazia questão de acompanhar os três do meio nas "visitas" ao Dops, frequentes na década de 1970. Ao lado de mães como Eunice Paiva, desdenhava das ameaças da repressão.

Mesmo fragilizada pela idade, Ode insistia em morar sozinha. Não disfarçava, porém, a tristeza de perceber amigas partindo, como Maria Rosa Belém Baptista, companheira inseparável na militância por causas sociais.

Aos 85 anos, aposentada, Ode sempre viveu do fruto do seu trabalho. Gabava-se disso, cheia de razão. Morreu em sua própria cama na noite de sábado (31), como se tivesse decidido apagar a luz. Deixa a sensação de dever cumprido --e uma saudade impreenchível na família e nos amigos.

A cremação será às 14h, no Cemitério Horto da Paz, em Itapecerica da Serra (SP).


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