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Médicos cubanos atuarão num Brasil do século passado

Indicadores socioeconômicos das 206 cidades da 1ª etapa estão abaixo da média nacional aferida em 2000

Os 701 municípios que receberão os profissionais até o fim do ano representam 5% da população do país

LUCAS REIS DE MANAUS FELIPE BÄCHTOLD DE PORTO ALEGRE

Os 206 municípios que receberão os primeiros profissionais de Cuba vivem realidade próxima à do Brasil do final do século passado.

Esses municípios --ontem, o governo informou que 91% dos 400 cubanos que já chegaram irão para o Norte e o Nordeste-- têm indicadores socioeconômicos abaixo da média nacional do ano 2000.

Em renda, são ultrapassados até pela média aferida em 1991, segundo dados do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), da ONU.

São cidades com limitações orçamentárias, geralmente distantes de metrópoles e com grande população na área rural. Integram um total de 701 municípios que devem receber os médicos de Cuba até o final deste ano.

Somadas, essas centenas de cidades abrigam 11 milhões de pessoas, ou 5% da população brasileira.

Um retrato da precariedade é o índice de mortalidade infantil. Enquanto o país conseguiu reduzir suas taxas em 50% na última década, no grupo de 701 cidades o nível segue próximo da média nacional do ano 2000.

São locais como Ipixuna (AM), de 22 mil habitantes, que tem o 12º pior IDH do país. "A cidade é isolada. É um sacrifício enorme atrair médicos", diz o secretário de Saúde, Rogério Araújo.

LEILÃO

No interior baiano, a estrutura à espera dos cubanos em unidades visitadas pela reportagem conta com poucos recursos, além de estetoscópios (leia texto nesta página).

O sanitarista Carlos Trindade, diretor da Fundação Estatal de Saúde da Bahia, diz que as cidades pequenas vivem uma "competição predatória" por profissionais.

Não têm recursos para atrair equipes ou são preteridas porque prefeituras vizinhas oferecem ilegalmente carga horária flexível.

Estado com a pior proporção de médicos do país, o Maranhão é o terceiro com mais cidades entre as 701 que devem receber cubanos --atrás de Piauí e Bahia (veja quadro). O Estado tem 0,5 médico para cada mil habitantes --o mesmo índice do Iraque.

O presidente do Conselho Regional de Medicina maranhense, Abdon Murad, diz que faltam "condições de fazer medicina" no interior. "Não tem laboratório, raio-x, ultrassom, equipe de saúde. Como vai resolver?"


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