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PMs são acusados de agredir e explorar morador da Rocinha

Após sumiço de Amarildo, depoimentos à polícia do Rio responsabilizam policiais da UPP por tortura e ameaça

Denúncias foram feitas em depoimentos de moradores; ex-chefe da unidade afirma que acusação vem do tráfico

MARCO ANTÔNIO MARTINS DIANA BRITO DO RIO

Sob os holofotes desde o sumiço do ajudante de pedreiro Amarildo Souza, 43, a UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Rocinha é alvo de uma série de acusações feitas pelos moradores da favela do Rio de Janeiro.

Em mais de 20 depoimentos prestados à Polícia Civil e ao Ministério Público, obtidos pela Folha, eles denunciam casos de agressões, tortura e ameaças envolvendo os policiais do programa, principal vitrine do governo Sérgio Cabral (PMDB).

Afirmam ainda que sob o comando do major Edson Santos, que esteve à frente da UPP por 11 meses, PMs exploraram serviços oferecidos na favela, como o de mototáxis, a exemplo do que ocorre nas comunidades dominadas por milícias no Estado.

Os nomes dos denunciantes foram mantidos em sigilo para preservá-los.

Procurado pela Folha, o major disse que os acusadores prestaram depoimento a serviço de traficantes que ainda atuam na favela.

"Vocês estão ouvindo os traficantes da Rocinha. Eles representam 1% da população. Não tenho mais nada a dizer sobre isso", afirmou o ex-comandante da UPP.

Num dos depoimentos prestados à Polícia Civil, uma testemunha relata ter presenciado um caso de tortura contra um jovem acusado de pertencer ao tráfico.

Segundo a versão, depois de ser abordado por policiais numa viela, o jovem levou tapas na cara e foi sufocado com um saco plástico na cabeça. Antes de ser liberado, seu corpo foi molhado e ele recebeu choques elétricos.

A Polícia Civil apura as acusações junto com a investigação do desaparecimento de Amarildo, em 14 de julho, fato que alimentou protestos de rua em todo o país.

AÇÕES

A partir das denúncias dos moradores e do desaparecimento do pedreiro, o Ministério Público estadual abriu uma ação criminal e outra de improbidade das quais constam as acusações contra os policiais da UPP.

Nos depoimentos, moradores da favela afirmam que os policiais faziam ameaças constantes de que poderiam forjar flagrantes de posse de drogas e armas.

Apontado pelos moradores como responsável pelas ameaças, o major Edson Santos fez carreira no Bope (Batalhão de Operações Especiais), de onde saiu para assumir a UPP da Rocinha, considerada pelo governo como estratégica para o projeto.

Santos teria levado para a UPP ex-policiais do Bope afastados da unidade por terem se recusado a reprimir a greve da PM do Rio em 2012.

Os excessos denunciados pelos moradores seriam cometidos por policiais deste grupo.

Um dos casos relatados, e que está sendo investigado, é o da morte de Jonathan de Jesus, em 5 de novembro do ano passado.

TIRO NAS COSTAS

De acordo com policiais, ele teria morrido em troca de tiros com os PMs. Laudo mostra que o rapaz morreu com um único tiro, que o atingiu nas costas.

Ao chegar à delegacia onde a morte foi registrada, a mãe de Jesus foi recebida por um PM que se apresentou da seguinte forma, segundo uma testemunha: "Muito prazer, seu filho era traficante e eu acabei com ele".

As denúncias começaram a ser recebidas em abril pelo Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos, ligado à secretaria estadual de Ação Social e Direitos Humanos. Em maio, foram transmitidas ao comando da PM.


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