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Cotidiano

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Tornado devastou cidade em 5 minutos

Moradores de Taquarituba (SP) relatam como ventos a 110 km/h destruíram casas, arrancaram postes e deixaram dois mortos

Cidade, que teve parque industrial danificado, decreta estado de calamidade e aguarda ajuda federal e estadual

CÉSAR ROSATI ENVIADO ESPECIAL A TAQUARITUBA

Um rastro de devastação transformou a pequena Taquarituba (a 328 km a oeste de São Paulo) num cenário digno do cinema-catástrofe hollywoodiano.

Atingida por um tornado na tarde de domingo, a cidade, de 23 mil incrédulos habitantes, tenta entender como o fenômeno destruiu boa parte de seu território em menos de cinco minutos.

Na contabilidade oficial eram até a noite de ontem dois mortos --o Corpo de Bombeiros divulgara quatro mortes na véspera--, 64 feridos, centenas de desabrigados, três bairros destruídos e todo o parque industrial afetado.

"Coloquei minha filhinha no chão [do quarto], minha mulher a abraçou e eu fiquei por cima das duas com um cobertor", contou o agricultor Adriano de Almeida Leme, 31, cuja casa teve o telhado arrancado pelo tornado, a exemplo do que ocorreu com seus vizinhos.

"A minha esposa (Dally) chorava e minha menina perguntava: o que está acontecendo com a minha casinha, com o meu quartinho'", relatou.

Na entrada de Taquarituba já é possível perceber que o lugar foi palco de uma tragédia de magnitude incomum --estima-se que os ventos tenham chegado a até 110 km/h.

Árvores pelo chão, ruínas de imóveis e placas metálicas retorcidas como papel estavam por todos os lados.

POSTE À DISTÂNCIA

No centro e em outros dois bairros (Dona Carmélia e Parque Industrial) os estragos foram maiores.

Torres de energia e de telefonia foram derrubadas e postes foram atirados a metros de distância --parte da cidade permanecia sem luz até a tarde de ontem.

"Em menos de cinco minutos tudo já estava destruído", disse a professora Vera Taskeveski, 53, que também teve sua casa destelhada.

No momento que conversava com a reportagem, seus filhos negociavam com um pedreiro o orçamento para os reparos: R$ 5.000.

No bairro Dona Carmélia, casas foram abaixo. "Estava na rua quando eu olhei e vi minha casa no chão. Fiquei desesperada, pois meu pai e meu irmão estavam ali dentro [eles escaparam]", relatou Ana Paula Costa, 24.

EM DOBRO

No Parque Industrial, todas as 38 empresas instaladas ali foram afetadas.

Fabrício Wenzell, 23, teve prejuízo duplo: sua casa, no centro, foi totalmente destelhada; a fábrica que ele administra com a ajuda da família e emprega 16 pessoas, parcialmente destruída.

Os danos, segundo ele, beiram os R$ 150 mil.

"Quando vi os prejuízos foi uma frustração imensa. Você perde o rumo, não sabe o que fazer. O parque industrial virou uma zona de guerra", disse Wenzell.

A rodoviária teve parte do teto destruído e foi interditada. A escola estadual José Penna e o fórum foram outros dois prédios públicos seriamente danificados.

Em um posto de gasolina que fica às margens da rodovia SP-255 e em um centro esportivo próximo, o cenário é ainda mais impressionante. Ferro contorcido, pedaços de telhado e entulho de casas estão por todos os lados.

No centro esportivo destruído, Edson Matheus Pereira, 21, morreu após ser atingido pelos escombros.

O tornado também matou Jamil Francisco da Silva, 54, motorista de um ônibus que tombou enquanto trafegava pela rodovia SP-255.

O vento derrubou até silos agrícolas e a chuva insistiu em atingir a cidade durante toda a segunda-feira.

O prefeito Miderson Zanello (PSDB) decretou estado de calamidade pública e está pedindo recursos para os governos federal e estadual. "Vamos também tentar cobrir parte dos danos de particulares", disse o prefeito.

ALCKMIN

O governador Geraldo Alckmin (PSDB), que visitou a cidade na tarde de ontem, prometeu ajuda, mas não falou em valores.

"O governo colocará os recursos do orçamento do Estado à disposição. A primeira tarefa é socorrer as vítimas, com remédio, hospitais, cirurgias, kits de higiene e roupas."

"A outra tarefa é reconstruir a cidade começando pelos domicílios", disse.

"Se tivesse acontecido em um dia útil poderia ser ainda pior. O cenário é devastador. Foram ventos de mais de 100 km/h", disse o tucano.


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