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Genevieve Helene Boye (1923-2013)
Viveu 60 anos com os tapirapés
MARCELLE SANTOS COLABORAÇÃO PARA A FOLHAAos 28 anos, Genevieve Boye jamais havia pensado deixar sua cidade natal, a pequena Valfroicourt, na França. Mas, tocada pela situação dos povos indígenas brasileiros --especialmente os tapirapés, que em 1952 estavam quase desaparecendo--, acabou vindo para o Brasil.
Aqui, fundou, com duas outras freiras, a primeira missão da Fraternidade das Irmãzinhas de Jesus no continente latino-americano.
Na aldeia tapirapé em que se instalaram no interior de Mato Grosso, as irmãs trabalharam para reduzir a mortandade dos índios, que sofriam de doenças como gripe, varíola e febre amarela.
Também os ajudaram a lutar pelo direito de demarcação de suas terras.
O trabalho de Genevieve foi sempre norteado pelo respeito à cultura e ao modo de viver indígena. Irmã Veva, como ficou conhecida no Brasil, costumava dizer que Deus não desejava outra coisa dos tapirapés senão que vivessem e crescessem como tapirapés.
Na Aldeia Urubu Branco, viveu como os índios. Morava numa casa igual às outras da aldeia, dormia numa rede e comia apenas o que plantava.
Com os tapirapés, aprendeu a tecer, a fabricar sandálias, redes e peneiras e a preparar iguarias como o cauim (bebida feita com mandioca cozida). Deles, ganhou o nome "Mareaxigi" --que não tem um significado, ao contrário da maioria dos nomes indígenas.
Irmã Veva morreu na terça-feira (24). Tinha 90 anos, 60 deles vividos ao lado dos tapirapés. Seu corpo foi velado num típico funeral indígena, e o povo da aldeia decretou luto por dois meses.