Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Cotidiano

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Prefeitura equipara valorização da cracolândia à da rua de Haddad

Documento usado como base para calcular IPTU mostra altas parecidas em áreas pobres e ricas

Município afirma que tabela é feita para não ter grandes distorções e que cálculo leva outros pontos em consideração

DE SÃO PAULO

Terrenos em áreas como a degradada região da cracolândia, no centro de São Paulo, e a rua Afonso de Freitas, no Paraíso, onde mora o prefeito Fernando Haddad (PT), tiveram a mesma valorização nos últimos quatro anos.

A informação consta da nova Planta Genérica de Valores, documento que define o valor oficial do metro quadrado em cada rua da cidade e que integra uma das bases de cálculo do IPTU.

A tabela foi encaminhada ontem à Câmara Municipal como parte da revisão do tributo proposta por Haddad para o próximo ano.

Segundo os cálculos da prefeitura, o preço médio do metro quadrado na rua Helvétia, que nas madrugadas vira ponto de concentração de viciados em crack, valorizou 128% em comparação a 2009 --ano da última revisão.

Na rua de Haddad, o aumento foi próximo, de 132%.

Contribuintes dos dois locais com reajustes similares reclamam da cobrança.

"Tem lixo espalhado, um monte de nóia. O certo seria o imposto baixar", afirma Maria da Silva, 43, dona de um restaurante na Helvétia, que hoje paga R$ 387 de IPTU.

Morador de um prédio ao lado do de Haddad, Marcos Behar, 66, diz que o imposto de R$ 220 já consome 10% de sua aposentadoria e acha que mais aumento é "absurdo".

TUDO IGUAL

Situação semelhante ocorre em cerca de 30 endereços consultados pela Folha em regiões com perfis diferentes.

Os aumentos variaram em uma faixa entre 112% e 140%.

A Berrini, endereço de luxuosos prédios comerciais, e a rua Pascoal Zimbardi, em São Miguel Paulista (extremo leste), ao lado de uma favela, por exemplo, tiveram a mesma valorização, de 131%.

O levantamento mostra que a valorização calculada pela prefeitura ocorreu independente da infraestrutura dos locais e do aquecimento do mercado, ao contrário do que afirmou a gestão ao divulgar sua proposta.

De acordo com o Executivo, a revisão foi feita considerando a valorização ou a desvalorização dos terrenos nos últimos anos, para corrigir "distorções hoje existentes".

Técnicos da prefeitura, porém, dizem que os reajustes foram calibrados de forma a ficarem praticamente homogêneos em toda a cidade.

A grande mudança, afirmam, foi na tabela de valores do metro quadrado construído, também considerado no cálculo do imposto.

De acordo com corretores, as valorizações dos terrenos não correspondem à realidade do mercado. Eles dizem que a quantidade de terrenos livres para novos empreendimentos é cada vez menor, por isso eles valorizaram bem mais em áreas nobres do que em outros locais.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página