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Análise

Nova postura expõe dificuldade de Alckmin em lidar com o PCC

Em 2011, o discurso do governo do Estado de São Paulo era que a facção criminosa se resumia a 30 membros presos

RICARDO MENDONÇA DE SÃO PAULO

O Ministério Público diz que o PCC tem mais de 11 mil membros no Brasil, no Paraguai e na Bolívia. Do total, 7.800 estariam em São Paulo, 1.800 fora das cadeias. A facção movimentaria cerca de R$ 120 milhões por ano.

Ao reunir a cúpula de suas polícias e anunciar a criação de uma força-tarefa para lidar com o tema, o governador Geraldo Alckmin demonstra dar crédito à denúncia.

Mas como essa denúncia pode receber crédito do governo Alckmin? Não era este o governo que até pouco tempo atrás dizia que o PCC se resumia a 30 chefes presos?

Numa entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo" em 2011, o então secretário da Segurança, Antônio Ferreira Pinto, disse exatamente assim: "O PCC são no máximo 30 presos influentes que exercem algum poder de decisão e estão cumprindo pena em um só presídio, em Presidente Venceslau".

A nova postura, portanto, expõe a dificuldade histórica do governo com o tema.

No mesmo 2011, um relatório de 245 páginas intitulado "São Paulo sob Achaque" listava todas as falhas do Estado naquela que ficou conhecida como a maior crise de segurança da história de São Paulo: a onda de ataques do PCC em maio de 2006 que resultou no assassinato de 43 agentes públicos, e os indícios da reação de PMs encapuzados com até 122 execuções.

O documento, feito por pesquisadores da ONG Justiça Global e da Clínica de Direitos Humanos da Faculdade de Direito de Harvard (EUA), já classificava como "inaceitável" a inexistência de pelo menos um relatório oficial e abrangente detalhando os episódios de maio de 2006.

Ainda mais eloquente foi a postura do próprio Alckmin, ainda em 2006, quando a documentarista de uma rede americana o questionou sobre o tema. "Esse é um assunto do governo do Estado de São Paulo, era bom perguntar às autoridades do governo", disse ele, recém-afastado do cargo para disputar a Presidência naquela eleição.

Quando a repórter insistiu, Alckmin encerrou a conversa dizendo assim: "Se eu soubesse que era isso, eu não teria dado a entrevista. Bye, bye". O vídeo está no YouTube.

É difícil imaginar que tudo isso, ao longo dos anos, não tenha contribuído para corroer a credibilidade do governo quando o assunto é PCC.

Haverá ganho, portanto, se o crédito à denúncia do Ministério Público representar uma mudança de postura.


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