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Com Porsche e barcos, bens de suspeitos somam R$ 80 mi
Um dos auditores presos é dono de pousada em Visconde de Mauá, no Rio
Os quatro servidores ofereciam 'descontos' no pagamento de ISS em troca de propina, aponta investigação
Um Porsche avaliado em R$ 400 mil, uma BMW em torno de R$ 60 mil e duas motos Ducati que valem em torno de R$ 50 mil cada uma foram alguns dos bens apreendidos com os quatro funcionários da prefeitura.
Além dos automóveis, havia apartamentos de luxo, flats, prédios e lajes comerciais em São Paulo e Santos, barcos e um apartamento duplex em Juiz de Fora (MG).
Por meio de fotos postadas no Facebook, a prefeitura descobriu que um dos auditores é dono da pousada Vilarejo Acauã, em Visconde de Mauá, no Rio.
Segundo as investigações, os auditores fiscais têm patrimônio de cerca de R$ 80 milhões juntos, incompatível com o salário que recebem.
Ronilson Bezerra Rodrigues ganhava R$ 24 mil mensais. Carlos Augusto di Lallo do Amaral e Eduardo Horle Barcellos recebiam pouco menos de R$ 20 mil, segundo o Portal da Transparência da Prefeitura de São Paulo.
Os rendimentos de Luis Alexandre Cardoso Magalhães não estão na relação.
COMO FUNCIONAVA
De acordo com o Ministério Público e com a prefeitura, o processo ilegal consistia em cobrar construtoras no momento em que elas pagavam o residual de ISS, já no final da obra.
Os auditores, então, pesavam a mão no cálculo do imposto, uma forma, diz o Ministério Público, de "criar dificuldades para vender facilidades" às construtoras.
'DESCONTO'
O passo seguinte era propor o esquema propriamente dito, segundo a apuração: um "desconto" de 50% no ISS. A maior parte do valor pago ia para os auditores, conforme a investigação. Uma pequena parte, para pagar o ISS.
Eis um exemplo, de acordo com prefeitura e Ministério Público: em um dos casos o ISS pago foi de R$ 17,9 mil. No dia seguinte, R$ 630 mil foram depositados na conta de uma empresa em nome do auditor Luis Alexandre Cardoso Magalhães.
Essa foi, aliás, uma característica que chamou a atenção durante as investigações. As obras sob responsabilidade dos auditores sob suspeita recolhiam sempre menos ISS do que a dos demais.
Será verificado se as empresas eram obrigadas a aderir ao esquema ou se o faziam por má-fé. Os nomes das empresas não foram divulgadas.
Segundo o prefeito Fernando Haddad (PT), o município irá rever o imposto cobrado de cada um dos empreendimentos para ver se pagaram menos do que deveriam. Se isso for constatado, a diferença será novamente cobrada.