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Análise

Aumento vai contra plano de ampliar população da região central

LEÃO SERVA COLUNISTA DA FOLHA

O aumento do IPTU proposto por Fernando Haddad contradiz a espinha dorsal da plataforma eleitoral do prefeito e ameaça uma conquista: o crescimento da população do centro a partir do ano 2000, após três décadas de redução.

Depois de dizer que a prefeitura está quebrada e tendo de arcar com congelamento de tarifas de ônibus, é óbvio que Haddad quisesse aumentar receitas. Como os antecessores, foi buscá-las no principal tributo municipal.

Há argumentos para defender a medida: permitirá à prefeitura oferecer mais serviços e obras e cobrir o congelamento das passagens; os imóveis se valorizaram e é natural que o tributo cresça; só os mais ricos pagam IPTU e não vão quebrar por isso...

Ela não faz bem, porém, ao projeto de aumentar a população do centro com pessoas de todas as classes sociais, parte essencial da plataforma do prefeito e seus antecessores.

Certamente, vai "gentrificar", ou seja, provocar elitização dos moradores das áreas mais centrais, por pressionar os bolsos já maltratados da classe média. Poderá também inverter a tendência de crescimento da população, revelada pelo Censo de 2010.

Muitos dos novos moradores vieram em busca de vantagens logísticas (proximidade do trabalho, acesso a transportes e outros serviços públicos), mas já pagam mais do que na periferia para viver no centro, muitas vezes em áreas pouco cuidadas ou degradadas.

Elevar tributos, tornando ainda mais caro comprar ou alugar imóveis na região central, pode ter como resultado o aumento do número de apartamentos vazios, que vem caindo nos últimos anos.

Esses podem virar alvo de grupos que alegam que imóvel desocupado é passível de expropriação em nome do direito a moradia. Mais invasões reforçam o estigma que associa o centro à insegurança para investidores e moradores.

Como se vê, muitas coisas contrárias ao objetivo estratégico de uma administração que em poucos meses já havia arquivado parte de sua principal promessa de campanha, o Arco do Futuro.


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