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Protesto no Sesc reúne mães pelo direito de amamentar
FLAVIA MARTIN DE SÃO PAULOEm meio a fotografias de animais selvagens nas paisagens mais remotas e intocadas do mundo, retratados por Sebastião Salgado e expostos em "Genesis", no Sesc Belenzinho, zona leste, 20 mães faziam algo igualmente natural: davam o peito para seus bebês mamarem.
O "mamaço" da manhã de ontem foi organizado depois que a turismóloga Geovana Cleres, 35, foi proibida de amamentar Sofia, um ano e quatro meses, no local na última quarta-feira.
Segundo Geovana, uma funcionária a abordou dizendo que não era permitido dar de mamar no espaço de leitura do Sesc e pediu que ela fosse à sala de amamentação.
A mãe diz que o espaço é pequeno, com um micro-ondas para esquentar papinhas e mamadeiras e uma poltrona, que, naquele momento, estava ocupada por um pai que dava comida para o filho.
"Fiquei sem entender, mas, apesar do incômodo, tirei a Sofia do peito. Alegaram que outras crianças poderiam ficar olhando e até sentir vontade de mamar", conta.
Geovana encaminhou a reclamação ao Sesc e desabafou no Facebook. "Gerei um burburinho e encontrei outras mães que já tinham tido esse problema aqui."
Uma das que leram a mensagem de Geovana foi a chef de cozinha Reila Miranda, 34, que ajudou a organizar o "mamaço". No ato, leu um texto citando trechos da Constituição e do Estatuto da Criança e do Adolescente que garantem a alimentação das crianças.
"Somos mamíferos. Dar de mamar faz parte da natureza humana e do meu corpo. A gente adora o Sesc, mas a instituição precisa repensar o que aconteceu", afirmou Reila, mãe de Maria, de dois anos e quatro meses, e fundadora da Casa da Borboleta, de apoio à maternidade.
A pesquisadora Simone De Carvalho, 38, distribuía um folheto que pedia assinaturas para uma petição em prol de lei federal que garanta proteção à mãe que queira amamentar em qualquer lugar.
O Sesc Belenzinho afirmou que a proibição a Geovana foi um erro pontual de uma funcionária. Coordenadores da unidade acompanharam o "mamaço" e pediram desculpas para as mães presentes.