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Motoqueiro fica dez meses preso e perde o emprego
DE SÃO PAULOEm 2007, Eronildo já era adulto, e Leonildo não tinha ainda nem sequer atingido a maioridade.
O primeiro era mais alto e menos franzino que o segundo. Essas diferenças, porém, não foram suficientes para evitar a prisão de Eronildo Furtuoso Corrêa, hoje com 41 anos.
Ele passou nove meses e 20 dias preso por um único motivo: tem o mesmo apelido de Leonildo, Nildo.
GAIATO
"Só por causa de um apelido eu entrei de gaiato", resume Eronildo, num processo que envolveu a polícia, se tornou uma denúncia do Ministério Público à Justiça e o levou até o Tribunal do Júri, onde acabou finalmente absolvido.
Leonildo, o verdadeiro "Nildo" procurado pela polícia, foi depois apreendido. No entanto, logo acabou sendo solto.
No entendimento de Eronildo, o fato de ter sido preso 15 anos antes por suspeita de roubo --crime que nega-- foi o principal motivo para que a polícia e a Ministério Público não acreditassem na versão de que não havia matado ninguém.
PERDA DE EMPREGO
Desfeita a segunda prisão, em novembro de 2007, o então motoqueiro não somente perdeu quase dez meses de convívio com a mulher e a filha, que tinha oito anos na época.
"Eu trabalhava na mesma empresa havia dez anos, mas surgiu discriminação. Fui mandado embora", afirma ele.
INDENIZAÇÃO
Atualmente vendedor autônomo, tem direito a uma indenização de R$ 31,1 mil devido ao erro.
Ele, no entanto, ainda espera o pagamento pelo Estado de São Paulo, para que possa retomar "o prumo" da vida. A ideia é abrir uma pizzaria.