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'Mercado' de sêmen no país cresce 528% em 18 anos
Aumento foi impulsionado por mulheres solteiras e casais de lésbicas
Doadores (que não podem receber) e casais são anônimos; fecundação pode custar de R$ 1.600 a R$ 2.200
"Procura-se espermatozoide em bom estado de pai loiro, alto, atlético e bem-humorado. Paga-se bem."
O anúncio é fictício, mas não tem uma gota de sensacionalismo: no mercado brasileiro de sêmen, que aumentou 528% em 18 anos e ultrapassou 1.300 amostras comercializadas em 2012, a demanda que mais cresce é a por doadores com pinta de viking.
Esse "baby boom" foi impulsionado por mulheres solteiras (adeptas a "produções independentes") e casais de lésbicas, públicos que respondem por um em cada três procedimentos de gravidez artificial --em 2005, eram 5%.
Segundo o Pro-Seed, maior e mais antigo banco de sêmen do Brasil, o crescimento da renda e o acesso à informação fazem a procura por espermatozoides congelados bater recordes a cada ano.
O laboratório já vendeu 11 mil amostras de esperma paulistano para mais de 200 clínicas espalhadas pelo país.
A partir das doações dos voluntários (que não podem ser pagos, segundo a lei brasileira), o banco cria espécie de "cardápio" com características físicas dos doadores.
Entre elas estão cor da pele, cabelo, olhos, tipo físico, profissão e hobbies.
Para evitar o risco de que filhos de um mesmo doador se apaixonem um pelo outro, o Conselho Federal de Medicina e a Anvisa determinam que cada voluntário só possa gerar uma criança de cada sexo em uma mesma região.
O fotógrafo Adriano Oliveira, 28, é um dos veteranos, com mais de dez contribuições. "Perdi um filho por erro médico. Sempre quis ser pai. Por isso me preocupo com quem não consegue."
No Brasil, doadores e os casais são anônimos. O procedimento pode custar de R$ 1.600 a R$ 2.200, dependendo do processo --fertilização in vitro (embrião gerado fora do corpo e depois inserido no ventre da mulher) ou inseminação artificial (espermatozoides introduzidos diretamente no útero da paciente).