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Análise

Corte atinge justamente grupo que ajuda a expandir matrículas

FÁBIO TAKAHASHI DE SÃO PAULO

A suspensão do vestibular de 270 cursos anunciada ontem pelo governo expõe um dilema brasileiro: como expandir o ensino superior?

A pergunta se coloca porque as sanções atacam basicamente as faculdades privadas, justamente as responsáveis pelo aumento de atendimento de estudantes no país.

Sob diversos ângulos, conclui-se que a população brasileira é pouco escolarizada.

Dados divulgados recentemente pela OCDE (organização dos países desenvolvidos) mostram que o Chile tem uma proporção duas vezes maior de adultos com diploma de ensino superior. Nos EUA, são três vezes mais.

A desvantagem brasileira só não é maior porque seu sistema superior vem aumentando. Apenas nos últimos dez anos, o número de matrículas cresceu 70%.

A expansão ocorreu basicamente de duas formas. Uma foi via universidades federais, que quase dobraram de tamanho no período. Mas representam hoje somente 16% dos estudantes.

O grosso da expansão ocorreu pela rede privada, que cresceu 73% em dez anos e responde por 70% do sistema.

Essa expansão foi sustentada com cursos para as classes sociais mais baixas.

As mensalidades cobradas chegam a custar R$ 250. Este é o valor, por exemplo, do curso de tecnologia em gestão financeira da Uniban-Anhanguera, em São Paulo.

Se numa ponta o sistema precisa crescer em número de matrículas, na outra o Ministério da Educação é pressionado a não deixar funcionar cursos de baixa qualidade.

Há cerca de cinco anos, a tática da pasta é reduzir o número de estudantes em cursos mal avaliados.

O efeito colateral é segurar as instituições que justamente têm sido responsáveis por parte da expansão do sistema. A suspensão de vestibulares anunciada ontem atingiu até cursos dos grandes grupos de ensino, como Anhanguera e Estácio (ainda que a maioria dos cursos dessas instituições tenham a nota mínima exigida pelo ministério para funcionar).

Obviamente que as 44 mil vagas cortadas desta vez podem não ter grande impacto no número de matriculados no país (hoje são 3,6 milhões).

Mas indica que o sistema atual enfrenta dificuldades em resolver a equação: crescimento expressivo x qualidade de ensino.

MÉTODO

As punições reacenderam também a discussão do método de avaliação utilizado pelo governo federal.

Os punidos foram os que receberam duas notas baixas no indicador chamado CPC (Conceito Preliminar de Cursos). Este é formado, em grande parte, pela nota dos alunos no Enade (exame nacional).

O setor privado reclama que os estudantes não têm a menor motivação para responderem à prova. A única exigência a eles é que compareçam à avaliação. E é com base nessa nota, reclama a rede particular, que o governo pode fechar um vestibular.

A resposta do ministério é que esses cursos também têm corpo docente deficiente e problemas de infraestrutura.


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