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Noel tour

Da Paulista ao Ibirapuera, passeios guiados a pé levam paulistanos e turistas para conhecer decorações natalinas

ROBERTO DE OLIVEIRA DE SÃO PAULO

Entre os globos de neve com réplicas da estátua da Liberdade e da torre Eiffel na avenida Paulista, uma plaquinha vermelha se destaca no meio dos raios de luz azul royal. Aonde a placa vai, um grupo de 30 pessoas vai atrás.

A tal placa até parece aquelas usadas pelos compradores de ouro do centro da cidade. Só que ali, na Paulista, tem outra serventia: é usada para conduzir turistas e paulistanos que se aventuram por um dos cartões-postais de Natal mais famosos do país.

Eliza Sanae Nakai, 50, é a mulher da placa. Ela também usa um microfone ligado a uma pequena caixa de som, acoplada à cintura, para que todos a ouçam. Afinal, a barulheira ali é intensa.

"O tema de decoração da agência neste ano é Viva o Natal pelo Mundo'", avisa ela, enquanto flashes e atenções se voltam para as versões diminutas da torre Eiffel e da estátua da Liberdade.

São 19h30 da última quarta. Veículos abarrotam os dois sentidos da Paulista. Na esquina da alameda Ministro Rocha Azevedo com a avenida, uma fila interminável de carros. Dentro deles, motoristas e caronas se contorcem à procura do melhor ângulo.

Na calçada, a paisagista Adriana Conte, 45, saca seu celular e faz fotos. Moradora de Perdizes (zona oeste da capital), ela encarou um trânsito carregadíssimo de casa até a Paulista, mas conseguiu chegar a tempo para participar do passeio de Natal.

Deixou o carro num estacionamento perto dali e seguiu pelo tour natalino a pé. "A gente acha que faz muita coisa dentro do carro. Na verdade, estamos apenas dirigindo. Quero contemplar e aproveitar desse cenário."

O analista de suporte Felipe Oliveira, 22, disse que, "enquanto a gente percorre três quadras, ouve histórias, aprende sobre os símbolos de Natal e faz amizade, os carros ainda estão travados no mesmo lugar da avenida".

Cada um dos participantes pagou R$ 12 pelo trajeto de duas horas na Paulista.

O passeio do Giro in Sampa é a pé, mas existem opções que mesclam caminhadas com percursos feitos em veículos e tours privativos.

Os 30 participantes começaram o programa no Conjunto Nacional. "Estou curioso", contou Marcelo Ramos Gomes, 33. "Quero adaptar esse roteiro em Buenos Aires", disse o guia de turismo nascido em Curitiba, mas que trabalha na capital da Argentina.

NATAL DE POUCO BRILHO

Em frente ao Masp, Eliza fala do clássico projeto da arquiteta Lina Bo Bardi. Todos seguem para conferir os 130 registros do fotógrafo e ambientalista francês Yann Arthus-Bertrand, na exposição "A Terra Vista do Céu", que termina amanhã no vão-livre.

Distraída, a quiropraxista Caroline Rosa, 22, quase perde o "bonde". "Estava me lembrando do tempo em que a fachada do Masp e o Trinon também eram iluminados", disse. "Tinha até coral. Pena, mas a decoração de Natal da avenida mais rica do país está bem pobrinha neste ano."

Com uma sobrinha de cada lado, o dentista Edmundo Toninaga, 65, contou que o passeio a pé lhe despertou "outra óptica". "Quando você passa de carro, não presta atenção nos detalhes. Fora que o tour também te oferece muita história e informação."

A visão "embaralhou" quando ele passou diante do número 1.919, endereço de um casarão "sobrevivente" do início do século passado e de estilo eclético. "É assustador como podem deixar um palacete tão importante chegar a esse estado deplorável. Está caindo. Sujo, cinza."

Logo à frente, uma notícia reanima o grupo. Pelo microfone, Eliza anuncia que, nas noites de fim de semana, a Paulista vai ficar branquinha de neve. Artificial, é claro.


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